Os 40 Anos da Anistia e o Legado das Ditaduras na América Latina
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a 28/08/2019 - 20:00
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O Seminário Internacional “Os 40 anos da Anistia e o Legado das Ditaduras na América Latina” adota uma perspectiva comparada, visando contribuir para a avaliação crítica das políticas de reparação e de memória e dos mecanismos legais adotados em países que, como o Brasil, vivenciaram regimes repressivos. O evento reunirá especialistas e militantes de diferentes áreas, como História, Psicologia, Direito e Filosofia, para debater a longa e atribulada luta das vítimas por reconhecimento, bem como analisar o legado das ditaduras na América Latina, com a finalidade de colaborar na compreensão desses processos históricos e na produção e difusão de conhecimento sobre esses temas no país.
No Brasil, decorridos quarenta anos da Lei de Anistia, permanecem muitos pontos de interrogação em relação ao conhecimento histórico sobre o regime autoritário, ao mesmo tempo em que se observa a existência de importantes lacunas nas articulações entre o passado e o presente e, mais especificamente, entre o legado da ditadura e a memória daqueles que a ela se opuseram ativamente. A despeito dos esforços empenhados pelos movimentos sociais, pela Comissão Nacional da Verdade, a Comissão de Anistia, entre outras instituições, permanece incompleto o processo de reconstituição factual e de reflexão crítica acerca da ditadura militar e de seu legado no Brasil.
A Lei de Anistia de 1979, embora parcial, foi considerada “recíproca”, dando margem à interpretação de que a tortura foi “crime conexo” aos crimes políticos, reatualizando a “teoria dos dois demônios” no país. Ao longo da transição e da redemocratização, a ampliação da Lei da Anistia e da Lei dos Mortos e Desaparecidos (Lei 9.140/95), bem como a indenização às vítimas não foram suficientes para garantir a investigação da tortura, nem a recuperação dos restos mortais dos dissidentes assassinados, tampouco a punição dos responsáveis pelas graves violações aos direitos humanos cometidas no período. Esse panorama tem limitado a articulação das memórias e do legado ditatorial no Brasil, numa inequívoca violação de preceitos constitucionais e normas internacionais, revelando o contraste da experiência brasileira quanto a dos países latino-americanos, que há tempos vêm se dedicando aos investimentos na memória e na elaboração simbólica e judicial do passado.
Nesse contexto, o Brasil mantém-se como modelo de impunidade e atraso na promoção de uma política de memória e de reconstituição factual dos crimes da ditadura. Em contraste com o cenário internacional de consolidação do paradigma de respeito às vítimas de graves violações dos direitos humanos, o Supremo Tribunal Federal (STF), no caso do julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no. 153, realizado em 2010, referendou a Lei de Anistia de 1979, sob o pretexto de que ela teria sido aprovada sob um amplo pacto social. A tradição jurídica autoritária brasileira, em um cenário institucional onde predominam as continuidades, faz emergir um Judiciário refratário à proteção aos direitos humanos. Este é o ponto nodal para se compreender a especificidade do panorama local, em sua diferenciação em relação aos demais países do Cone Sul, bem como o ressurgimento no Brasil de discursos autoritários na esfera pública, que negam os crimes de lesa-humanidade cometidos pela ditadura.
Coordenação: Janaína Teles (IEA-USP), Ana Maria Camargo (FFLCH-USP), Edson Teles (CAAF-Unifesp), Pádua Fernandes (IPDMS).
Comissão organizadora: Paulo Endo (IP e IEA-USP), Janaína Teles (IEA-USP), Ana Maria Camargo (História-USP), Edson Teles (CAAF-Unifesp), Pádua Fernandes (IPDMS), Danielle Tega (Pagu-Unicamp), Adriano Diogo
Comissão organizadora do livro: Janaína Teles, Danielle Tega, Pádua Fernandes
Inscrições
Evento público e gratuito | Sem inscrição
OBS.: NÃO HAVERÁ TRANSMISSÃO
Organização
Apoio
Programação
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14h |
Memória, Trauma e Legado das Ditaduras no Cone Sul: Debate sobre Livros Fabiana Rousseaux (TecMe-Argentina)
Territorios, Escrituras y Destinos de la memoria (comp.) (Editora Tren en movimiento, 2019) Desirée de Lemos Azevedo (Unifesp) Ausências incorporadas: etnografia entre familiares de mortos e desaparecidos políticos no Brasil (Editora Unifesp, 2018) Liliana Sanjurjo Sangue, identidade e verdade: memórias sobre o passado ditatorial na Argentina (Editora Ufscar, 2018) Márcio Seligmann-Silva (IEL-Unicamp e IEA USP) Título provisório: A produção literária sobre o tema no Brasil e no Cone Sul Comentários sobre os livros Coordenação: Danielle Tega (Unicamp) Tempos de dizer, tempos de escutar: testemunhos de mulheres no Brasil e na Argentina (Editora Intermeios, 2019)
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17h |
Intervalo |
18h |
Abertura do seminário e da Exposição fotográfica Paulo Endo (IEA/USP), Edson Teles (CAAF – Unifesp), Ana Amélia Mascarenhas de Rezende Camargos (OAB-SP), Marcelo Quintanilha (Arquivo do Estado de São Paulo), Eleonora Rangel Nacif (IBCCRIM) |
18h30 |
Mesa Redonda A Luta pela Anistia e a Vala de Perus
Amelinha Teles (Comissão de Familiares) Eleonora Menicucci (CAAF e ex-ministra de Direitos Humanos) Heloisa Amélia Greco (historiadora) Luiza Erundina (deputada PSOL) Coordenação: Ítalo Cardoso (OAB/SP e CPI Vala de Perus)
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DIA 27 |
10h |
Mesa-Redonda A Anistia, o Direito Internacional e o STF
André de Carvalho Ramos (USP) Carla Osmo (Unifesp) Eliana Vendramini (MP/SP) Bruno Boti Bernardi (UFGD) Coordenação: Paulo Endo (IP e IEA USP) |
12h |
Intervalo |
14h |
Mesa-Redonda: 40 Anos de Anistia no Brasil: Balanço e Perspectivas José Carlos Dias (CNV) Marlon Weichert (MPF/SP) Suzana Lisbôa (IEVE)
Coordenação: Belisário Santos Jr. (advogado de presos políticos) |
17h |
Intervalo |
17h30 |
Atividade Cultural com Cabaré Feminista e Grupo Xingó |
18h30 |
Mesa Redonda As Disputas pelas Memórias da Ditadura na América Latina
Fabiana Rousseaux (TecMe - Argentina) Macarena Gelman (Uruguai) (neta de desaparecidos sequestrada) Cath Collins (Universidade Diego Portalles - Chile) Janaína Teles (IEA/USP) Coordenação: Renan Quinalha (Unifesp)
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DIA 28 |
10h |
Mesa-Redonda: Os Ataques ao Direito à Memória e à Verdade no Brasil
Eugênia Gonzaga (CEMDP/MPF) Criméia de Almeida (IEVE) Adriano Diogo (Comissão Verdade SP) Coordenação: Edson Teles (CAAF/Unifesp)
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12h |
Intervalo |
14h |
Mesa-Redonda: Os Não Sujeitos da Anistia
Amauri Mendes (UFRRJ) Pádua Fernandes (Instituto de Pesquisa Direitos e Movimentos Sociais – IPDMS) Marisa Fernandes (Coletivo de Feministas Lésbicas - CFL) Yamila Goldfarb (USP) Coordenação: Desirée Azevedo (Unifesp)
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17h |
Intervalo |
18h |
Homenagem a Elzita Santa Cruz Rosalina Santa Cruz (filha de Elzita Santa Cruz) Felipe Santa Cruz (presidente da OAB) a confirmar |
18h30 |
Mesa-Redonda: Testemunhos: Anistia, Inês Etienne Romeu e a Casa da Morte de Petrópolis Fábio Konder Comparato (FD USP) Sérgio Ferreira (Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos) Nicolau Bruno (Coletivo Merlino) Coordenação: Ana Maria Camargo (FFLCH USP)
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20h |
Encerramento |