Você está aqui: Página Inicial / EVENTOS / Cultura Política, Valores Morais e Democracia no Brasil: Impactos da Pandemia do Coronavírus

Cultura Política, Valores Morais e Democracia no Brasil: Impactos da Pandemia do Coronavírus

por Cláudia Regina - publicado 11/11/2021 18:05 - última modificação 21/12/2021 15:24

Detalhes do evento

Quando

de 13/12/2021 - 09:00
a 13/12/2021 - 12:30

Onde

ON-LINE

Nome do Contato

Telefone do Contato

11 3091-1686

Adicionar evento ao calendário

Valores morais e políticos ajudam a moldar os padrões predominantes de comportamento humano, os quais, por sua vez, orientam os rumos do desenvolvimento de uma sociedade, a exemplo de sua experiência com o regime político; e informam, por assim dizer, a cultura política que sustenta os sistemas sociais. Por essas razões, tais valores podem ser vistos como fatores que impactam o funcionamento da sociedade, em especial, quando essa é surpreendida por algo imprevisto ou inesperado. Foi assim que a gigantesca tragédia mundial representada pela Crise do Coronavírus foi vista pela World Values Survey Association, levando-a a estabelecer um consórcio de pesquisadores de cerca de 20 países e formular o projeto “Valores em Crise” com o objetivo de estudar a permanência ou a mudança de valores morais em três momentos: (a) no começo da pandemia, (b) quando essa diminuiu a sua intensidade e (c) na sua fase de recuperação.

Informada por várias versões das teorias da insegurança existencial, uma possível hipótese por trás desta pesquisa postula que o surgimento repentino de ansiedades existenciais causa mudanças de valor em uma direção protetora entre aqueles que as sentem de maneira mais aguda. Essa mudança protetora de valores levaria as pessoas a dar maior ênfase à segurança, à ordem, à autoridade, à uniformidade e ao conformismo. Como resultado, a confiança em pessoas desconhecidas, a tolerância à pluralidade e sua solidariedade transcendente podem sofrer de maneiras que levem as pessoas a ceder aos apelos de líderes autoritários. Em outras palavras, as consequências de tais mudanças de mentalidade para o apoio público à democracia poderiam ser terríveis.

Como hipótese alternativa, temos também que a percepção da pandemia não necessariamente se equipara à percepção de ameaças existenciais caracterizadas por hostilidades de grupo, como no caso de guerras ou terrorismo, quando um grupo ameaça a existência do outro. Ao contrário dessas ameaças específicas, as pandemias são inerentemente universais porque ameaçam a todos, independentemente de classe social, etnia e religião. Portanto, é uma especulação plausível que a própria universalidade inerente à ameaça da pandemia de Covid-19 fortaleça um senso generalizado de humanidade nas pessoas. Nesse caso, a confiança de fora do grupo, a tolerância à pluralidade e a solidariedade transcendente podem aumentar e, portanto, diminuir o apelo de governos autoritários. Sendo assim, o apoio público à democracia, pelo contrário, se beneficiaria deste momento.

O dossiê lançado pela Revista da USP reuniu alguns dos principais pesquisadores em estudos da democracia no Brasil a fim de explorar os dados coletados nas duas primeiras ondas da pesquisa “Valores em Crise” aplicada no Brasil pelo Instituto Sivis em parceria com o Grupo de Pesquisa da Qualidade da Democracia do IEA/USP. Metodologicamente, a pesquisa se vale da abordagem de painéis longitudinais a fim de investigar as mesmas pessoas nas diferentes etapas da pandemia. A primeira onda da pesquisa, realizada via painel online entre maio e junho de 2020, coletou um total de 3.543 respostas a partir de uma amostragem por cotas que procurou representar a população brasileira de acordo com quatro variáveis sociodemográficas: sexo, escolaridade, faixa etária e região de moradia. Já a segunda onda, aplicada entre janeiro e fevereiro de 2021 (seis meses após a primeira aplicação), obteve respostas de 1.929 indivíduos que também haviam respondido à primeira onda, de modo que a taxa de retenção de indivíduos no painel ficou em cerca de 55%, o que é bastante razoável dado o longo intervalo entre a aplicação das duas ondas.

Os artigos que compõem o dossiê perpassam uma série de temas fundamentais para compreender as forças e as fragilidades da nossa democracia no contexto da Crise do Coronavírus desde uma perspectiva dos valores políticos e morais. Este seminário irá contar com uma apresentação de cada um deles seguida de debate entre os participantes e o público que estiver acompanhando. Espera-se obter e estimular discussões frutíferas que nos permitam garantir que, apesar da tragédia na qual o país mergulhou nos últimos tempos, tenhamos extraído as lições necessárias para fortificar nossa cultura democrática e evitar que no futuro entremos novamente em situações tão delicadas quanto as que vivemos no período recente.

Inscrições

Evento público e gratuito | sem inscrição prévia

Não haverá certificação

Programação

9h

Abertura:

José Álvaro Moisés (IEA/USP) e Diego Moraes (Instituto Sivis)

9h30 às 12h30

Apresentações:

Artigo 1Ednaldo Ribeiro (UEM); Julian Borba (UFSC) e Lucas Okado (UFG)

Artigo 2Henrique Castro (UFRGS); Daniel Capistrano (University College Dublin); Sofia Castillo (UNISINOS)

Artigo 3 - Lorena Barberia (USP); Isabel Costa Rosa (USP)

 

Artigo 4 - Michele Massuchin (UFPR); Emerson Cervi (UFPR)

 

Artigo 5 - Rachel Meneguello (UNICAMP); Fabíola Brigante Del Porto (UNICAMP)

 

Artigo 6Marcello Baquero (UFRGS); Jennifer Morais (UFRGS)

 

Artigo 7 - Diego Moraes (Instituto Sivis); José Álvaro Moisés (USP)

Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo