Marx, Ciência e Tecnologia
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Quando
a 12/04/2018 - 17:00
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Em princípios deste ano foi criado, no âmbito da Associação Filosófica Scientia Studia, e do Grupo de Pesquisa Filosofia, História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia, do IEA-USP, um grupo de estudos dedicado à obra de Marx, especialmente no que diz respeito à ciência e à tecnologia. A proposta de criação do grupo pode ser acessada aqui. Esta mesa é a primeira atividade pública do grupo; dela participam os três autores da proposta. Os temas das contribuições são os seguintes.
Orlando Lima Pimentel
No contexto de meus estudos da obra do inventor, matemático e economista Charles Babbage, proponho abordar a reflexão de Marx sobre o desenvolvimento tecnológico através do questionamento quanto às consequências sociais da divisão reiterada de tarefas no espaço de trabalho, tentando expor as divergências entre as concepções de Charles Babbage e de Marx com relação ao tema. Espera-se que a reflexão sobre o conflito entre o pensamento econômico dessas duas figuras importantes do séc. XIX contribua para melhor avaliarmos o que se encontra pressuposto nas perspectivas pessimistas e otimistas quanto ao rumo do desenvolvimento científico e tecnológico da atualidade.
João Bourbaki
Para Popper, Marx “fez uma tentativa honesta de aplicar métodos racionais aos problemas mais urgentes da vida social”. Entretanto, em que pesem as inúmeras qualidades de Marx – sua sinceridade, mente aberta, sensibilidade aos fatos, sua desconfiança da verborragia moralista, seu desejo ardente de ajudar os oprimidos, e sua consciência da necessidade de provar a si mesmo em ações, e não apenas em palavras – seu projeto teria falhado devido à pobreza de seu método de profecia histórica (ou filosofia oracular), na esteira de Hegel e do essencialismo de Aristóteles e Platão. Por sua vez, membros da Escola de Frankfurt indicam também lacunas ou pontos de falha na teoria de Marx, mas também acertos fundamentais, e entendem a visão de Popper de ciência como uma variante de positivismo associado à tradição da ciência moderna. Se é razoável considerar, por exemplo, o avanço da automação no século XXI e seus impactos na sociedade, como uma previsão acertada de Marx, não seria o veredicto de Popper apressado e/ou tendencioso? Se elencarmos uma lista de proposições preditivas de Marx, e à luz do estado social de hoje sua avaliação for, grosso modo favorável, o que poderíamos dizer acerca de seu método?
Marcos Barbosa de Oliveira
Na proposta de criação deste grupo, enfatizamos que o plano era fazer uma leitura não dogmática dos textos de Marx: não tomar O Capital como uma Bíblia, não pressupor que Marx sempre tem razão. Nesse espírito, minha contribuição versa sobre a crítica historicamente mais marcante, e mais intensamente discutida, da Teoria do Valor Trabalho de Marx, a saber, a de Eugen Böhm-Bawerk, exposta no livro ‘Sobre a conclusão do sistema marxiano’, publicado em 1896. A exposição divide-se em duas partes. A primeira trata da apresentação dos elementos primordiais da teoria marxiana, no primeiro capítulo do primeiro volume d’O Capital. O pano de fundo da segunda parte é o seguinte. Nesse volume, em certo ponto do desenvolvimento de sua teoria, Marx reconhece a existência de uma contradição, pelo menos aparente, prometendo demonstrar, num futuro volume, que ela é de fato apenas aparente. Tal demonstração foi apresentada no terceiro volume d’O Capital, publicado 27 anos depois do primeiro. Em sua crítica, Böhm-Bawerk argumenta que Marx falhou nessa tentativa.
Inscrições
Evento público, gratuito e com inscrição prévia
Público online não há necessidade de se inscrever
Programação
Expositores:
João Bourbaki (FFLCH/USP)
Marcos Barbosa de Oliveira (FFLCH e IEA/USP)
Orlando Lima Pimentel (FFLCH/USP)
Coordenador:
Pablo Rúben Mariconda (FFLCH e IEA/USP)
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo