Narrativas Visuais, Populares e Científicas: Povos Tradicionais e o Desafio da Conservação da Biodiversidade
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a 10/04/2014 - 12:30
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Na Amazônia, mítica, ainda cabem vários sonhos e projetos de futuro. Mas e na Amazônia real? Ainda cabe o quê? A provocação, a princípio, sugere possibilidades aparentemente infinitas para a região e seus povos.
Uma avaliação mais atenta da questão, contudo, coloca uma lente de aumento sobre aspectos da vida amazônica que o Brasil ainda ignora. Da exaltação do mito ao lamento pela destruição do último dos Eldorados, ela desafia o observador a dar-lhe uma resposta pela qual, registrando-a sob a forma de imagem, ele descobre a si mesmo e ao outro. Desse modo, o registro documental imagético, inventário de práticas sociais e culturais, contribui com as ciências humanas e sociais no mapeamento e na interpretação dessas realidades.
Em um caminho divergente, a ciência e a perspectiva tecnológica a ela associada tendem a traduzir a Amazônia como repositório de recursos naturais, diversidade biológica e “banco” genético, que deve ser explorado para atender as necessidades humanas, mais especificamente para responder ao modelo hegemônico de progresso. Ocorre que, enquanto vetores do desenvolvimento racional e do ideário de florescimento humano a ele subjacente, a ciência e a tecnologia opõem-se ao conhecimento tradicional, isto é, aos saberes e modos de vidas de povos e comunidades locais, por considerarem que eles constituem entraves à modernização que se ajusta aos interesses do capital e do mercado em ampla tensão com os interesses de coletividades e com a desejável justiça socioambiental.
Tendo em conta as possíveis tensões que decorrem do encontro entre essas narrativas, alguns questionamentos se colocam: os saberes tradicionais e a ciência constituem racionalidades rivais? Em que pesem suas dissensões, a cooperação entre essas racionalidades constitui uma alternativa viável? E, em consequência, no campo da proteção ambiental, existem justificações racionais para que o humano seja apartado de seu ambiente e a biodiversidade separada das culturas humanas?
O que propomos nesta atividade é um diálogo cooperador entre o conhecimento científico e os saberes tradicionais tendo em vista uma concepção de conservação da biodiversidade sensível aos valores de justiça social, participação popular e sustentabilidade. Tal cooperação encontra sustentação nos aportes teóricos do modelo da interação entre a ciência e os valores e em seus argumentos em favor do pluralismo estratégico que apontam para a necessidade de pesquisas baseadas na complementaridade metodológica e para a possibilidade de adoção de alternativas não convencionais nas práticas de conservação da biodiversidade.
Assim, nas duas mesas que compõem o presente debate, focalizaremos as seguintes questões:
1) O registro documental imagético e a pesquisa de campo: da imagem à tradução das realidades;
2) Diálogos entre a ciência e os saberes tradicionais: do modelo da interação ao pluralismo metodológico;
3) Comunicação e polarização entre narrativas científicas e populares na conservação da biodiversidade.
Inscrições
Através do e-mail leila.costa@usp.br
Programação
Mesa 1: 09 de abril de 2014
Horário: 9h30 às 12h30
Expositores: Antonio Carlos Diegues (NUPAUB/USP) e Sylvia Caiuby Novaes (USP)
Debatedor: Stelio Marras (USP)
Mediadora: Ana Tereza Reis da Silva (UnB e IEA/USP)
Mesa 2: 10 de abril de 2014
Horário: 9h30 às 12h30
Expositores: Mauro William Barbosa de Almeida (UNICAMP) e Ana Tereza Reis da Silva (UnB e IEA/USP)
Debatedor/mediador: Stelio Marras (USP)
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo