O Compasso e a Cruz: Reconfigurações Territoriais a Partir da Presença Jesuítica nas Américas
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a 15/03/2021 - 16:30
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Os nexos, ou seja, as relações diretas, entre os jesuítas e a organização territorial nas Américas são muitos.
Desde 1549, com a chegada dos primeiros jesuítas na América portuguesa, até 1767, ano da expulsão da ordem nos territórios espanhóis, os inacianos atuaram em quase todo o continente. A presença jesuíta foi fundamental para estabelecer e alterar territórios e territorialidades, com foco especial para a América Espanhola, onde as reduções Guarani são ainda hoje reverenciadas como uma experiência avançada de convívio e administração comunal. A forma de atuação priorizada pelos jesuítas com base na fundação de reduções indígenas significava uma profunda alteração na organização territorial anterior a chegada dos europeus. De fato, a prática de reunir grupos que se encontravam em assentamentos distintos, nas várias formas de aldeamentos existentes por todo o continente, implicava em reacomodações populacionais e econômicas. Para que o sistema de reduções funcionasse, foi preciso pensar em recursos hídricos e alimentares para grupos maiores assentados em novos núcleos. Assim, modos tradicionais de exploração do solo e dos recursos de fauna e flora tiveram que ser alterados. Por exemplo, os indígenas denominados genericamente de Guarani, que foram reduzidos em trinta povoados ao longo dos séculos XVII e XVIII na região platina, vivenciaram uma profunda alteração nas formas de territorialização. A introdução de cultivos de algodão e erva-mate e, sobretudo, o pastoreio de gado bovino, equino e muar, provocou novas formas de uso e apropriação do solo. A rede de caminhos terrestres e fluviais que interligava os povoados também implicou em outra concepção de espaço, não mais aldeão, mas sim integrado, e baseado em núcleos urbanos, com edificações, praças e ruas que eram o centro de um grande território. Somadas, as trinta reduções exploravam enormes porções do solo, matas e rios.
Todavia, os jesuítas reservaram para si as informações sobre como tocar adiante o sistema de intercâmbios que dava sustentação aos povoados. Com isso, após a expulsão da Companhia, foi impossível aos guaranis dar continuidade aos trabalhos. Por isto, o vasto território, até então explorado e administrado pelas reduções, foi apropriado por outros agentes, incluindo-se aí o avanço português que se deu sobre as terras a oriente do rio Uruguai.
Palestrante:
Artur Henrique Barcelos (ICHI-FURG)
Debatedor:
Marcio L. Fernandez (PUC-PR)
Moderadora:
Marina Massimi (IEA/USP)
Inscrições
Evento público e gratuito | sem inscrição prévia
Não haverá certificação
Organização
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo