Induzir a Inovação
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a 10/05/2022 - 18:30
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Em um mundo no qual as economias avançam impulsionados por negócios inovadores, fazendo uso de conhecimento e talentos oriundos de suas universidades e centros de pesquisa, em estreita colaboração com o setor privado, o Brasil se mostra cada vez mais defasado. Apesar de gerar conhecimento globalmente reconhecido em áreas estratégicas como saúde e agricultura, assim como nas ciências básicas, o país está muito atrás na inovação. Isto se deve à múltiplos fatores, desde a formação das pessoas até recursos financeiros, porém, a ausência de políticas no planejamento do País, ou a baixa execução delas, é o fator determinante.
São vários os exemplos na história da importância da inovação para o desenvolvimento de uma nação, mas, após alguns exercícios bem-sucedidos, a exemplo da agricultura e da mineração, o Brasil vem perdendo a corrida pela inovação. O Brasil carece de recompor a cultura de valorização e incorporação do conhecimento científico e tecnológico, novo ou tradicional, no processo de desenvolvimento do País, com reflexos comprometedores na construção das parcerias entre os setores público e privado, que são essenciais para a inovação. Faltam, ainda, planos de Estado para mudar o nível e a celeridade do processo de inovação em nosso país. Isto depende da ação, determinação e prioridades do Estado brasileiro, que deve assegurar o planejamento, inclusive de longo prazo, incorporado com estratégias e recursos permanentes para a ciência, tecnologia e o incentivo ao empreendedorismo de base tecnológico, particularmente de jovens talentos.
As universidades brasileiras têm se mostrado ativas no estabelecimento de parceria e colaboração que podem gerar inovação e prosperidade. Outras instituições de pesquisa brasileiras, ou residentes no País, também demonstram movimentos significativos em direção a parcerias com competências científicas nacionais. Neste sentido, vale citar as articulações feitas pelo Movimento Empresarial pela Inovação - MEI/CNI, pelos bem Instituídos Nacionais de Ciência e Tecnologia – INCT, no capítulo das parcerias universidade–empresas, assim como as desenvolvidas pela EMBRAPA e FIOCRUZ.
São muitos os casos de sucesso em todas as áreas, o que demonstra o potencial do Brasil na inovação, porém, os resultados têm sido tímidos quando comparados ao resto do mundo. O que explica essa situação?
São várias as explicações, porém, todas têm em comum a baixa participação do setor privado. Para tanto, cabe ao Estado, além de fornecer as condições básicas para inovação, notadamente a educação formal, a capacitação da mão de obra e alguma infraestrutura para produção de conhecimento básico, gerar um ambiente de negócios que privilegia a inovação.
Além disso, a descontinuidade das ações e dos fluxos de liberação dos recursos é fatal para o processo de inovação de qualquer lugar do mundo. É preciso alimentar permanentemente a cadeia que vai do mundo do conhecimento à produção da inovação. O conhecimento gerado na pesquisa e, muitas vezes, presente em artigos científicos, ou protegidos em patentes, precisa ser transbordado para o processo de inovação com a participação do setor privado. Isto pressupõe investimentos públicos para vencer os riscos tecnológicos inerentes ao processo de transbordar conhecimento e tecnologias para se alcançar inovações. Costumeiramente, se denomina de “vale da morte” este momento dinâmico da tentativa de ligar o mundo do conhecimento ao mundo dos negócios, do mercado. Ambientes de inovação, parte do ecossistema de inovação, são essenciais para facilitar a aproximação e o diálogo entre cientistas e empresários.
Escapar da situação atual é realmente desafiador, mas é possível. O Brasil tem vantagens comparativas importantes, como mercado interno, unidade nacional e uma juventude criativa. Porém, é preciso ser de fato uma nação inovadora, com objetivos e metas a serem superadas, numa construção firme e determinada de uma nação mais inovadora. Isto exigirá alcançar maior soberania tecnológica, para o que terá que fortalecer a ciência e tecnologia como pré-condição. Terá que investir mais na formação de pessoal qualificado em prol de um objetivo que articule os vários setores da economia e mobilizar a sociedade em um ambiente propício ao investimento público e privado. Terá que atuar para estreitar a comunicação entre ciência e sociedade, contribuindo para uma cultura atenta ao valor da ciência e da inovação e seus efeitos na renda e geração de empregos.
É impossível para um país dominar e promover todas as áreas do conhecimento, assim, é fundamental o papel ativo do Estado em priorizar e promover a inovação em linha com os projetos de desenvolvimento nacionais. Para tanto, é preciso entender a heterogeneidade do país, tanto dos desafios e oportunidades para a inovação quanto das expectativas regionais, de modo a evitar a competição e promover a colaboração nacional. Um exemplo internacional bem-sucedido de integração da inovação é o projeto Erasmus da União Europeia que privilegia o intercambio regional de pesquisadores, professores e demais atores da inovação.
Algumas das plataformas de desenvolvimento científico e tecnológico existentes no mundo podem servir de exemplo para o Brasil, porém, o país não terá sucesso sem definir claramente seus objetivos e os recursos necessários para os programas de inovação. A partir daí, é possível definir as táticas colaborativas sendo imprescindível a participação do setor privado, a cooperação regional e a associação com as instituições de pesquisa internacionais.
Inscrições
Evento público e gratuito | sem inscrição prévia
Não haverá certificação
Organização
Programação
Abertura:
Hélio Zylberstajn (FEA-USP)
Debatedores:
Evaldo Vilela (CNPq) e Guilherme Ary Plonski (IEA-USP)
Facilitadora:
Karita Sena (Assessoria de Comunicação Correios-MS)
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo