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O estigma do apartheid para além da África do Sul

por Flávia Dourado - publicado 07/10/2014 16:10 - última modificação 14/10/2014 12:27

Em conferência realizada no dia 9 de setembro, Christopher Sonn falou sobre as diretrizes do projeto Archive Apartheid, do qual é um dos líderes, e sobre os efeitos continuados do regime de segregação racial nas identidades de emigrantes sul-africanos.
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Christopher Sonn: "Ao contar as nossas histórias, pensamos nas dimensões e no horror do apartheid"

Duas décadas após o fim do apartheid, a herança do racismo institucionalizado se faz presente na África do Sul não só na forma da discriminação culturalmente arraigada e de profundas desigualdades socioeconômicas, como também na construção das identidades dos sul-africanos, inclusive daqueles que deixaram o país durante o regime de segregação racial.

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Marcados pelas memórias do passado de opressão e das relações sociais deixadas para trás e confrontados com um contexto sociocultural muito diverso daquele vinculado a suas raízes, esses migrantes passam por processos psicossociais específicos de negociação do senso de pertencimento e da acomodação de suas subjetividades.

O psicólogo social Christopher Sonn, professor da University of Victoria, na Austrália, abordou o tema na conferência Arquivo do Apartheid: Racismo, Memória e Pertencimento entre Sul-Africanos na Austrália, que o Grupo de Pesquisa Diálogos Interculturais do IEA realizou no dia 9 de setembro. Além do conferencista, participaram do encontro as professoras Adriana Capuano de Oliveira, da Universidade Federal do ABC (UFABC); Ligia Fonseca Ferreira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); e Maura Pardini Bicudo Véras, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A moderação ficou a cargo de Sylvia Dantas, coordenadora do grupo e professora da Unifesp.

Na conferência, Sonn apresentou as principais diretrizes do Archive Apartheid, projeto de pesquisa internacional sediado na África do Sul, do qual é um dos líderes, que visa a examinar as experiências traumáticas vividas por sul-africanos durante a era do apartheid, bem como os impactos do racismo nas identidades individuais e coletivas das vítimas. O projeto volta-se para as narrativas de vida de pessoas comuns, com foco no cotidiano de preconceito racial e abusos vivenciado na conjuntura do regime discriminatório.

Dantas ressaltou a pertinência da temática da conferência para a realidade brasileira: "As tensões na África do Sul são muito semelhantes às do Brasil, pois aqui, devido ao legado da escravidão, o racismo ainda é muito presente e precisa ser trazido à tona". Véras também chamou atenção para a questão: "Não tivemos apartheid, mas o mundo do mercado cuidou de fazer a segregação. Em São Paulo, temos periferias ocupadas por negros e migrantes". Ferreira, da mesma forma, destacou que "importamos a metáfora do apartheid para descrever a situação no nosso país".

A exposição do psicólogo se concentrou no trabalho que vem desenvolvendo com sul-africanos que migraram para a Austrália ao longo do período de segregacionismo legalizado. Nesse percurso investigativo, Sonn reencontra a própria história. Nascido na África do Sul, ele viveu sob o apartheid até os 19 anos, quando partiu com a família para a Austrália em busca de uma vida melhor, longe do sistema hierárquico, imposto pelo Estado, que rotulava os seres humanos em de quatro categorias: "brancos", "indianos", "negros" e "mestiços" (coloured, no termo em inglês). Classificado neste último grupo, o pesquisador viu direitos sociais, econômicos e políticos lhe serem negados e teve sua identidade marcada pelos padrões de raça, tal como os sujeitos do universo de sua pesquisa.

A realidade de opressão vivida por Sonn e outros sul-africanos não-brancos durante o apartheid – termo que significa "vidas separadas" em africâner – compreendia uma série de medidas excludentes, tais como a obrigação de declaração de registro de cor para todos; o zoneamento das cidades em territórios específicos para as raças; a proibição de casamentos entre brancos e negros; a restrição da circulação de negros em determinadas áreas das cidades; criação de escolas, centros de saúde e bairros separados para os negros – os chamados bantustões; suspensão do uso de algumas instalações públicas, como bebedouros e banheiros, por parte dos negros.

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O conferencista Christopher Sonn e
Sylvia Dantas, coordenadora do encontro

APARTHEID ARCHIVE

O projeto foi lançado em 2009 com o objetivo de coletar, documentar e analisar histórias de vida de mais de 5 mil sul-africanos que vivenciaram o período do apartheid e, a partir disso, examinar os efeitos contínuos do regime de segregação racial em indivíduos e grupos.

Segundo Sonn, ao resgatar e reconhecer a memória ordinária das vítimas, espera-se preencher as lacunas deixadas pela Comissão Verdade e Conciliação (TRC, na sigla em inglês) e por outros projetos de arquivamento formalizados, "que em geral se concentram nas grandes narrativas do passado ou nas narrativas privilegiadas das elites acadêmicas, políticas e sociais".

O pesquisador afirmou que a Comissão, instituída em 1994 pelo então presidente Nelson Mandela, deu conta das formas extremas de abuso, relacionadas a graves violações dos direitos humanos, mas deixou de fora as vivências traumáticas, frequentemente rotineiras, de sul-africanos comuns. "O resgate histórico promovido pelo projeto nos dá a oportunidade de lembrar juntos experiências deixadas de fora da memória de sul-africanos", afirmou.

Trata-se, de acordo com ele, de "dizer o não dito", isto é, de recuperar histórias de racismo, por vezes corriqueiras, que nunca foram contadas para não abrir antigas feridas. "Meus pais estão na casa dos 70 anos e só agora começam a falar sobre a mudança para a Austrália, que foi muito difícil", relatou, numa referência a sua trajetória pessoal. "Ao contar as nossas histórias, pensamos nas dimensões e no horror do apartheid", completou.

LEGADO RACISTA

Por trás do projeto está ainda o pressuposto de que, para compreender o presente e melhorar o futuro, a África do Sul precisa aprender a lidar com o passado. Isso requer, do ponto de vista dos sul-africanos, trazer à tona lembranças dolorosas e explorá-las, analisá-las e interrogá-las a fim de canalizar os processos psicossociais a partir dos quais as vítimas reinscrevem, com base nas experiências de opressão do passado, suas subjetividades e identidades.

Do ponto de vista dos acadêmicos e da sociedade como um todo, é preciso desenvolver - com o auxílio daqueles que normalmente são excluídos do processo do conhecimento - uma práxis social engajada, ética e criticamente reflexiva, que torne possível interiorizar novas formas de pensar e agir no âmbito da diversidade racial, conforme frisou Sonn: "A preocupação é com a aplicação dessas análises no questionamento e subversão das relações de poder através da desconstrução e desideologização dessas relações".

De acordo com o psicólogo, compreender o presente e construir o futuro a partir do passado se faz tão importante devido, de um lado, ao fenômeno de "recrudescimento, mutabilidade e recalcitrância do legado racista" e, de outro, à penetração da ideologia da tolerância e da negação do preconceito, bastante difundida na ideia de que "racismo é coisa do passado".

Entre as manifestações dessa herança segregacionista, Sonn apontou a racialização continuada de problemas sociais, como a criminalidade e a Aids, e das subjetividades e intersubjetividades; a xenofobia; as controvérsias em torno de ações afirmativas voltadas para a contestação dos rótulos discriminatórios e o empoderamento dos negros; e a deficiência das políticas de resgate das etnias e identidades, por só aflorarem nos períodos eleitorais.

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Ligia Ferreira: "Importamos a metáfora do apartheid
para descrever a situação no nosso país"

DESCONSTRUÇÃO DOS RÓTULOS

Ao voltar-se para as memórias de sul-africanos radicados na Austrália, Sonn busca examinar como as marcas apartheid se manifestam nas subjetividades desses migrantes, mais especificamente, como as memórias de opressão no país de origem se combinam com as vivências no contexto australiano.

Na avaliação do psicólogo, essa síntese implica um processo de aculturação e reestruturação do senso de comunidade, que envolve o sacrifício de relações sociais e de raízes identitárias vinculadas à região natal; a adaptação a uma nova conjuntura sociocultural; e a construção e desconstrução de rótulos e experiências.

A dinâmica desse processo pôde ser observada de perto por Sonn no trabalho de campo e na análise das narrativas coletadas, as quais revelaram o esforço dos sul-africanos de ressignificar suas identidades ou, nas palavras do pesquisador, "de tentar encontrar de onde vieram para além das identidades impostas pelo apartheid".

Para explorar essas histórias tendo em vista o amplo contexto da imigração e dos deslocamentos territoriais e identitários, o conferencista adotou como estratégia teórico-metodológica a análise do discurso e a narrativa crítica. De acordo com ele, essa abordagem deu contato tanto da forma quanto do conteúdo das narrativas e, assim, possibilitou entender os processos de significação e construção de identidade dos indivíduos.

"As narrativas nunca são puro reflexo de ações, comportamentos e eventos. São sempre lugares nos quais os investimentos pessoais do narrador, dos ouvintes e dos interlocutores invisíveis, bem como a influência do contexto social nas nossas interpretações do mundo, convergem na configuração de uma versão construída dos fatos",  explicou, destacando que, em função disso, é errôneo fazer referência a "uma história" ou "à história", como se houvesse uma história única e objetiva, com uma existência independente da subjetividade de quem conta e de quem decodifica.

MICROAGRESSÕES

Os relatos coletados contavam episódios de racismo e revelavam o impacto do apartheid na vida dos migrantes. "Eram memórias não-nostálgicas, traumáticas e muitas vezes não declaradas sobre as forças que os levaram a deixar a África do Sul e se mudar para a Austrália em busca de um futuro melhor para a família", afirmou Sonn, destacando que essa motivação mostrou-se recorrente nas narrativas, assim como outros três fatores: a criminalidade e o clima de insegurança na África do Sul; oportunidades econômicas e educacionais na Austrália; e a reunião familiar.

Os casos narrados em geral tratavam de episódios cotidianos do que o psicólogo definiu como "microagressões", isto é, pequenas interações rotineiras marcadas pelo racismo, que afirmavam o privilégio dos brancos e reforçavam a ideia de que os negros eram seres humanos inferiores.

Entre as lembranças trazidas à tona, estavam a da polícia entrando na casa e prendendo um parente negro; a de uma família separada porque uns foram rotulados como negros, outros como mestiços; a de pais que decidiram ir embora da África do Sul para que os filhos não se sentissem inferiores ou para afastá-los da repressão aos movimento antiapartheid; a de um funcionário destratado por um vendedor branco no próprio escritório da empresa no qual trabalhava; e a de um indivíduo que trabalhava como eletricista em uma mineradora e todos os dias tinha a marmita e os pertences jogados no chão pelos colegas.

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Adriana de Oliveira, da UFABC, foi uma das debatedoras

Indagado por Oliveira sobre a possibilidade de o termo "microagressão" atenuar a gravidade dos atos racistas, Sonn ressaltou que não se tratava de trivializar as agressões sofridas, uma vez que estas tinham efeitos profundos e estavam situadas em um quadro ideológico amplo. "Parecem fatos pequenos, mas têm um significado grande no contexto de opressão do apartheid", ponderou.

Entre os impactos dessas microagressões, o psicólogo destacou a dificuldade de estabelecer laços de confiança entre as raças, tendência que identificou quando interrogou os migrantes sobre o que tornava difícil a união de brancos e negros sul-africanos na Austrália. De acordo com ele, as respostas mostraram que os negros ainda se sentiam magoados e achavam que os brancos, acreditando-se superiores, eram incapazes de vê-los como iguais.

FACETAS DO PERTENCIMENTO

Analisando as narrativas, Sonn observou que essas microagressões despertavam nos negros a sensação de que não pertenciam à África do Sul. Num dos trechos lidos pelo psicólogo na conferência, o narrador dizia: "A África do Sul é minha terra natal, mas também me roubou. Eu só descobri isso quando vim para a Austrália e vi a enormidade do que apartheid fez com a gente. Isso foi muito impressionante e ainda é doloroso, é um ponto sensível, ainda estou trabalhando para superar isso".

Em outro, o migrante declarava: "Na África do Sul você se sentia como um alienígena no lugar de nascimento, e a palavra alienígena já diz o que evoca, que você não pertence, que não é querido, que é rejeitado, que era o que o apartheid fazia".

Sonn mencionou, também, o caso de uma depoente que disse não se sentir "coloured", termo que considerava ofensivo, nem sul-africana – pois a África do Sul a havia rejeitado –, mas capetonian [gentílico, em inglês, para quem nasce na Cidade do Cabo]. No relato, ela se ressentia por ter deixado para trás as raízes culturais que definiam sua identidade para além dos rótulos impostos pelo apartheid. Num dos trechos da narrativa, comentava: "Ser capetonian, para mim, diz respeito a um sentimento de pertencimento. É o que se passa quando você cresceu num só lugar, entende as pessoas e conhece as coisas. Mas você tem que jogar fora esse manual quando vai viver com pessoas que não têm essa semelhança".

Para o conferencista, o discurso indica que a sul-africana se sente desconectada na Austrália, conforme a seguinte passagem sugeriria: "Eu posso me sentir confortável na Austrália, mas morar e trabalhar aqui não me dá a sensação de pertencimento que tenho na Cidade do Cabo. A Austrália fez de mim uma pessoa muito reservada, ao passo que quando eu estava lá era tudo sobre multidões e vida em comunidade. Agora eu realmente gosto de ficar sozinha. Este lugar basicamente me mudou".

Mas as narrativas também apresentam dissonâncias. De acordo com Sonn, alguns migrantes disseram sentir-se em casa longe da África do Sul, como mostra o trecho do relato de um deles: "Me sinto mais assentada na minha alma na Austrália. Aqui sinto que sou reconhecida por minhas habilidades, não pela minha cor. Não tenho que lutar por meu lugar aqui".

NOVA FASE

Após coletar as narrativas de sul-africanos que foram para a Austrália durante o período do apartheid, Sonn dedica-se, agora, a reunir histórias de pessoas que migraram depois de 1994, quando o regime de segregação racial foi oficialmente encerrado. Seu objetivo é entender porque os indivíduos continuam a migrar a partir da análise temática de relatos mais longos, a serem obtidos através de entrevistas em profundidade com dez indivíduos, três deles coloured.

De acordo com ele, muitos negros ainda deixam a África do Sul porque, embora tenham conquistado o poder político, o poder econômico continua nas mãos de multinacionais e mineradoras e a desigualdade social ainda é grande. Já os brancos – observou – migram porque, com o fim do apartheid, seus privilégios lhes foram tirados.

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Maura Véras: "Não tivemos apartheid, mas o mundo
do mercado cuidou de fazer a segregação"

Entre as questões a serem abordadas nesta etapa estão a efetividade da democracia sul-africana; o impacto do término do regime no fluxo migratório; a forma como as pessoas negociam a ideia de lar e pertencimento; e o poder que alguns australianos têm de decidir quem pode ou não pertencer ao país.

Os próximos passos do projeto incluem, ainda, o desenvolvimento de metodologias inovadoras para recuperar memórias pessoais, especialmente aquelas que nunca vieram à tona, e para estudar as diferentes formas de opressão, resistência e construção da paz.

Em referência às propostas já aventadas, Sonn mencionou a arte e a performance como alternativas para explicitar as respostas à opressão, colocar em visibilidade o domínio e o privilégio e, assim, despertar a consciência da sociedade. Para o psicólogo, é preciso suscitar o senso de injustiça entre os privilegiados e teorizar a posição do ouvinte, pois é a partir dela que os privilegiados irão passar a agir contra a opressão.

"As oportunidades para conectar estórias pessoais e narrativas com outros materiais de arquivo, para devolver essas histórias através da poesia e performance, e para compreender os efeitos contínuos da opressão do apartheid na vida das pessoas surgem na medida em que construímos novas formas de ser, conhecer e fazer e que procuramos melhorar a validade catalítica, epistêmica e política do Apartheid Archive Project como um processo e mecanismo de libertação", destacou.

DIVERSIDADE

No debate, ao ser questionado pela jornalista Luiza Paulo Lima, um dos participantes do encontro, sobre como lidar com os conflitos entre as várias etnias que compõem a população da África do Sul, Sonn afirmou que, para enfrentar essa problemática, é preciso reconhecer a diversidade étnica sul-africana:

"O país tem uma realidade complexa que foi mascarada e simplificada pelo apartheid. Como mudar isso? Com um trabalho duríssimo de reestruturação da educação, com a inclusão dos dialetos dessas etnias no currículo, além do inglês e do africâner, que já constam".

Sobre as dificuldades impostas por essa diversidade, Ferreira observou que a África do Sul é uma criação dos colonizadores europeus, os quais reuniram diversos povos e etnias em fronteiras artificiais, delimitadas à revelia das afinidades identitárias. Para ela, isso impede que haja um real sentimento de pertencimento ao país: "O sentimento de pertencimento é mais local e tem a ver com a origem".

O tema também foi abordado por Véras, que interrogou o psicólogo sobre alternativas para contornar a tensão entre o pensamento universalista, centrado nos direitos humanos universais, e o pensamento culturalista, alinhado à corrente do relativismo cultural.

Sonn lembrou o caso dos serviços de saúde específicos para povos indígenas e ponderou que, embora seja muito difícil, é preciso combinar essas duas linhas de pensamento. "Parte do desafio é equilibrar os direitos universais e, ao mesmo tempo, reconhecer as necessidades específicas de determinados grupos. Mas não é preciso escolher um caminho ou outro, é possível combinar", avaliou.

UMA CATEGORIA INVENTADA

Para introduzir sua questão, Oliveira mencionou o caso de brasileiros que não se percebem negros no Brasil, mas são confrontados com o racismo quando migram para países de colonização inglesa, como o Estados Unidos, onde não conseguem dissimular a raça. Perguntou para Sonn, assim, quais as origens dos sul-africanos rotulados como coloured e se eles procuram se diferenciar dos negros.

Segundo o psicólogo, os mestiços identificados como coloured têm suas origens ligadas sobretudo à Cidade do Cabo, onde funcionava um porto com grande circulação de marinheiros e pessoas de outros lugares do mundo. "Era um local de mistura, hibridização, miscigenação, fusão", destacou.

Ele afirmou que trata-se de uma classificação complicada, imposta pelo sistema do apartheid e pouco aceita pelos indivíduos. "Muitos rejeitam a ideia de coloured, alguns ainda se apegam enquanto outros contestam e se redefinem. Eu, pessoalmente, não me considero coulored: sou da África do Sul e vivo na Austrália", declarou, enfatizando que durante o movimento de consciência negra sul-africano, "dizia-se: Eles nos chamam de coulored, mas nós não temos nada a ver com esse rótulo, somos sul-africanos negros".

"Isso tudo integra o Archive Apartheid. Parte do projeto é entender como as pessoas trabalham com essas ideologias e formam suas identidades dentro de uma estrutura racializada", completou.

Fotos: Sandra Codo/IEA