Brasil perde Newton da Costa, seu mais criativo e influente lógico
Morreu na noite de terça-feira (16) em Florianópolis, aos 94 anos, o filósofo e matemático Newton Carneiro Affonso da Costa, professor titular aposentado do Departamento de Filosofia da USP e primeiro brasileiro a integrar o renomado Instituto Internacional de Filosofia de Paris, para o qual foi eleito por unanimidade.
Em filosofia, a principal área de interesse de Da Costa era a lógica matemática, atuando principalmente em paraconsistência e fundamentos da ciência. Era famoso mundialmente como um dos pesquisadores que desenvolveram, de forma independente, a lógica paraconsistente, trabalho reconhecido pelos inúmeros títulos nacionais e internacionais que recebeu.
O conjunto dessas lógicas constitui uma teoria original de análise do mundo que leva em consideração as contradições atribuíveis a toda reflexão. A paraconsistência já está presente, por meio da lógica fuzzy, em diversos equipamentos domesticos e urbanos. Ela também tem papel de destaque em inteligência artificial e computação quântica.
Durante sua longa trajetória acadêmica, Da Costa produziu centenas de publicações, entre livros, artigos e notas, motivo de milhares de citações por outros pesquisadores em mais de dez idiomas. Seus livros mais conhecidos são “Introdução aos Fundamentos da Matemática” (1961), “Ensaio sobre os Fundamentos da Lógica (1980) e “Lógica Indutiva e Probabilidade” (1993).
Da Costa participou ativamente das discussões na USP que levaram a formulação da proposta de criação do IEA, onde coordenou, por vários anos, a Área de Concentração Lógica e Teoria da Ciência.
Natural de Curitiba, PR, graduou-se em engenharia civil e matemática pela UFPR, onde tornou-se professor catedrático na área de análise matemática e análise superior em 1964, tendo lecionado naquela universidade por 14 anos, transferindo-se em seguida para a USP. Também lecionou no ITA, UFSC e Unicamp, da qual foi professor titular e recebeu o título de professor emérito. O lógico foi professor visitante, pesquisador ou conferencista ocasional em várias instituições da Europa, Estados Unidos, América Latina e Austrália.
Entre as honrarias que recebeu figuram os prêmios Moinho Santista em Ciências Exatas (1994), o Prêmio Jabuti em Ciências Exatas (1995) e a Medalha do Mérito Científico “Nicolau Copérnico” da Universidade de Toruń (1998).