Ciclo discutirá o enfrentamento de eventos extremos como o do Rio Grande do Sul
A catástrofe no Rio Grande do Sul levanta perguntas importantes que precisam ser respondidas para que as autoridades possam tomar providências planejadas e indicadas ou então voltar à prancheta e replanejar. Ou, ainda, fazer novos planos que ofereçam melhores chances de evitar e/ou reagir a eventos extremos que o Brasil venha a enfrentar.
Para colaborar com a busca de respostas para essa demanda urgente do país, o IEA inicia no dia 21 de maio, às 8h45, o ciclo de seminários “Lições do Evento Climático Extremo no Rio Grande do Sul”, com a participação de especialistas de várias áreas, entre as quais meteorologia, planejamento urbano, saúde pública, geologia e economia.
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O primeiro encontro tratará das causas das intensas chuvas no Rio Grande do Sul, dos procedimentos a serem adotados no estado e dos riscos de que fatos similares ocorram em outras partes do Brasil.
Sem perder de vista os acontecimentos no Rio Grande do Sul, os participantes também discutirão como o país pode se preparar para enfrentar situações de extremos climáticos em curto, médio e longo prazos e aspectos globais das mudanças climáticas.
Outros temas como proteção à vida, assistência e abrigo de atingidos, revitalização econômica e restauração de serviços públicos serão abordados nos próximos seminários.
O evento será aberto ao público (sem necessidade de inscrição) e terá transmissão ao vivo pela internet. Serão cinco mesas, com os seguintes temas e participantes:
- A Visão Meteorológica – com Edmilson Freitas (IAG-USP) José Marengo (Cemaden);
- Relevo e Impactos Econômicos – Bianca Vieira (FFLCH-USP) e Ariaster Chimeli (FEA-USP);
- Cidades e Políticas Públicas – Pedro Roberto Jacobi (IEA e IEE-USP) e Arlindo Philippi Júnior (IEA e FSP-USP);
- A Visão Global – Thelma Krug (IPCC), Carlos Nobre (IEA) Marcos Buckeridge (vice-diretor do IEA; IB-USP).
A relatoria será de Fernanda Resende e Adriana Grandis (ambas do IB-USP). Além de ser um dos expositores, Buckeridge fara a moderação do encontro. [Veja a programação completa.]
Cenário extremo
Buckeridge ressalta que as chuvas que se abateram sobre o Rio Grande do Sul este mês constituíram um dos maiores eventos extremos no país atribuíveis às mudanças climáticas globais: “Mais de duas semanas depois de seu início, o evento ainda está em curso, tal a quantidade de água das chuvas, a complexidade meteorológica do fenômeno e os efeitos devastadores sobre as populações; praticamente todo o estado entrou em calamidade, com inundações em mais de 400 cidades, centenas de vidas ceifadas [no dia 14, eram 147 mortos e 127 desaparecidos], dezenas de milhares de desabrigados e um prejuízo ainda difícil de calcular”.
Ele destaca que eventos climáticos extremos têm estado entre os principais avisos que os cientistas vêm dando há mais de trinta anos ao mundo, período em que enchentes e queimadas vêm se tornando cada vez mais frequentes e afetando um número cada vez maior de pessoas.
Buckeridge lembra que algumas ações têm sido tomadas, principalmente em países ricos, como planos de contingência e sistemas de aviso à população. “Mesmo assim, eventos extremos se repetem em alguns locais. São regiões de encostas ou regiões alagáveis já bem conhecidas, que sinalizam claramente o aumento de frequência.”
Lauro Alves/Secom-RS