Conferência tratará da arte inspirada na violência da ditadura militar
Fonte em Kassel, Alemanha, foi destruída pelos nazistas e depois reconstruída por Horst Hoheisel, um dos expositores da Hiatus e desta conferência |
O uso da arte para retratar a violência e o sofrimento de outras pessoas divide opiniões. Alguns a consideram uma importante forma de expressão, outros acreditam que estes objetos - violência, sofrimento - não devem ser usados para promover o artista. A conferência Arte como Memória do Mal e Espaço de Ação se aprofundará neste tema, focando na arte e violência do período de ditadura militar no Brasil, e sobre como apresentar “a dor sem resvalar para o gozo do sofrimento”. Os participantes debaterão ainda o alcance dessa arte crítica e mnemônica.
O evento acontece na Sala de Eventos do IEA no dia 23 de outubro a partir das 10h, com transmissão ao vivo e inscrição prévia para os que desejam assisti-lo presencialmente.
Este encontro é um desdobramento da exposição Hiatus: A Memória da Violência Ditatorial na América Latina, curadoria que propõe a reflexão sobre a memória das ditaduras na América Latina, com destaque para o Brasil, a Argentina e o Chile, e que acontecerá no Memorial da Resistência entre 21 de outubro e 13 de março de 2018. Tanto a exposição quanto a conferência são organizadas pelo Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Democracia, Política e Memória do IEA, a Pinacoteca e o Memorial da Resistência de São Paulo, com apoio do Instituto Goethe e da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.
Os artistas da exposição são Andreas Knitz, Clara Ianni, Fulvia Molina, Horst Hoheisel, Jaime Lauriano, Leila Danziger, Marcelo Brodsky e Rodrigo Yanes.
“Todos esses artistas têm se dedicado a trabalhar o tema da memória do mal em suas obras. Eles representam um importante filão de produtores de cultura que nas últimas duas décadas se voltaram para temas sociais de modo novo e criativo, para além da chave tradicional do realismo ou da representação objetificadora do ‘outro’”, comenta Márcio Seligmann-Silva, membro do grupo de pesquisa, curador da exposição e professor de teoria literária da Unicamp.
O objetivo da conferência no IEA é reunir pesquisadores e os artistas, cujas obras estarão expostas no Memorial da Resistência, para buscar entender em que medida os artistas podem servir de agentes na luta para o aprofundamento de pesquisas iniciadas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) sobre os crimes ocorridos no período da ditadura no Brasil. De acordo com Seligmann-Silva, as artes, que desde as vanguardas históricas se tornaram agentes de provocação e de ataque ao establishment, voltam-se agora especificamente para essa luta pela memória e pela verdade.
Programação completa da conferência:
10h |
Moderadora: Flavia Schilling (FEUSP/GPDH/IEA-USP) Horst Hoheisel (artista, Alemanha) Andreas Knitz (artista, Alemanha) Rodrigo Yanes (artista, Chile/Espanha) Márcio Seligmann-Silva (IEL-UNICAMP/GPDH-IEA-USP) |
12h |
Intervalo para Almoço |
14h |
Moderador: Andrei Koerner (IFCH-UNICAMP/GPDH-IEA-USP) Leila Danziger (artista/ UERJ) Fulvia Molina (artista, São Paulo) |
15h30 |
Intervalo |
15h45 |
Moderadora: Wânia Pasinato (GPDH/IEA-USP) Jaime Lauriano (artista, São Paulo) Clara Ianni (Artista, São Paulo) Virginia Vecchioli (antropóloga, UFSM) |
17h15 |
Intervalo |
17h30 |
Encerramento com apresentação musical com violão e flauta: Duo Arthur Endo e Felipe Santos |
Arte como Memória do Mal e Espaço de Ação
23 de outubro, às 10h
Sala de Eventos do IEA, Rua da Praça do Relógio, 109, Bloco K, 5° andar, Butantã, São Paulo
Evento gratuito, com transmissão ao vivo pela internet
Inscrições via formulário
Mais informações: Sandra Sedini (sedini@usp.br), telefone: (11) 3091-1678
Página do evento
Foto: Simenon / Flickr