Webinar analisará a diversidade com baixa cooperação da sociedade brasileira
Na formação histórica brasileira, o "elixir das relações sociais e raciais" não foi o espírito da igualdade nem o da liberdade, prevalecendo uma diversidade com baixa cooperação, segundo o cientista político Carlos Sávio Gomes Teixeira, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele discutirá essa questão no webinar O Brasil Inteiro: Diversidade e Cooperação, no dia 19 de março, às 15h, com transmissão ao vivo pela internet (não é preciso se inscrever para acompanhar).
O evento é organizado pela Cátedra Otávio Frias Filho de Estudos em Comunicação, Democracia e Diversidade, uma parceria do IEA com o jornal Folha de S.Paulo. A mediadora será a titular da cátedra, a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, da Universidade Vanderbilt, EUA. Os comentaristas serão o professor André Chaves de Melo Silva, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e o jornalista Vinícius Mota, secretário de Redação da Folha de S.Paulo. Os dois são, respectivamente, coordenador acadêmico e coordenador adjunto da cátedra.
Desigualdade
O expositor do webinar explica que o descompasso entre diversidade e cooperação se deve a uma singularidade da sociedade brasileira: a combinação de uma estrutura socioeconômica muito desigual com uma cultura sincrética, lastreada numa lógica em que "a pedra de toque sempre foi a harmonia de contrários".
"Recentemente, uma resposta aos nossos problemas resultantes da persistência de vícios históricos, passou a ser expressa na linguagem do identitarismo. Esse movimento de opinião, entretanto, não serve nem para orientar diagnósticos nem muito menos para propor soluções: o seu espírito é o de um panconflitivismo tribal, desprovido do sentimento de brasilidade e sem nenhum senso de reorganização institucional - sem o qual é impossível enfrentar problemas estruturais", afirma o pesquisador.
Para ele, a diversidade cultural do país, reforçada pelas enormes diferenças regionais, requer, para se tornar recurso a serviço do desenvolvimento e da verdadeira inclusão, cooperação, "o espírito e a prática que mais nos têm faltado".
Teixeira é doutor e mestre em ciência política pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e mestre em comunicação, imagem e informação pela UFF, onde fez o bacharelado e a licenciatura em ciências sociais. Na UFF, coordena o Laboratório de Alternativas Institucionais. Seus estudos tratam do pensamento sociopolítico contemporâneo, com ênfase na dimensão institucional. Dedica-se também à análise do pensamento especificamente brasileiro e da sociedade brasileira contemporânea. É autor de livros e artigos em suas áreas de atuação.