Evento em São Carlos discute tecnologias na fabricação
Pensar as diversas possibilidades que as novas tecnologias digitais trazem à fabricação de uma forma crítica e a partir de várias áreas, como arquitetura, engenharia, computação e física, entre outras. Este foi o principal mote do primeiro dia do Colóquio Fabricação, promovido pelo Instituto de Estudos Avançados Polo São Carlos da USP com apoio do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP.
Na mesa de abertura, o diretor do IEA Martin Grossmann destacou o caráter interdisciplinar do instituto, que é capaz de agregar pesquisadores de diferentes áreas em torno de um mesmo tema, como propõe o evento. “Esse projeto, que é coordenado pelo professor David Sperling, do IAU-USP, realmente faz com que a arquitetura se some a outras áreas de conhecimento do campus para modelar futuros”, afirmou ele.
Grossmann lembrou sua própria tese de doutorado, relacionada à ideia de que a tecnologia é criada para ajudar a repaginar o futuro. “O lápis e o papel permitem tudo, mas os modeladores do futuro têm a tecnologia digital, que é infinita, pois lida com muito mais dimensões”, disse.
O coordenador do IEA Polo São Carlos Renato Anelli destacou que a iniciativa do colóquio representa exatamente o tipo de projeto interdisciplinar que o instituto vem buscando apoiar. “Esse projeto tem pesquisas de ponta em várias instâncias da universidade e até fora dela, em órgãos como a Unicamp, a Embrapa e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer e grupos que já trabalham com esse tema na arquitetura, na matemática, na computação, entre outras. Percebemos, no IEA, que temos o potencial de aglutinar essas experiências a partir de uma instância fora das várias unidades, com a liberdade de pensar essas várias experiências”.
O diretor do IAU-USP e presidente do Conselho Gestor do Campus de São Carlos da USP Carlos Alberto Ferreira Martins lembrou ainda um grande desafio presente nas instâncias inter, trans e multidisciplinares. “Não há objeto mais ligado a essas três instâncias que a cidade. É necessário fazer uma reflexão sobre ela não apenas nas áreas de arquitetura e engenharia, mas sob o ponto de vista de todas as áreas do conhecimento. Basta lembrar que a ONU divulgou recentemente que mais de 50% da população mundial vive hoje nas cidades. No Brasil, o IBGE registra que cerca de 85% da população atual é urbana”.
Para o organizador do colóquio David Sperling, a possibilidade de atuar como representante do IAU na Comissão de Apoio às Atividades do IEA despertou a possibilidade de trazer o campo da fabricação como uma forma de conectar pesquisadores, estudantes e docentes do campus e de fora dele.
“Esse colóquio é a confluência da possibilidade da abertura da exposição Homo Faber em São Carlos e também do desejo do IEA de trabalhar transversalmente criando e irrigando novos canais de pesquisa e de diálogo no campus. Talvez a gente possa pensar em uma universidade não estruturada em campos do conhecimento, mas sim pensada em questões do conhecimento. A fabricação é uma dessas questões para o conhecimento contemporâneo”, afirmou Sperling.
O Colóquio Fabricação segue neste dia 15 de outubro, a partir das 18h30, no auditório Jorge Caron, no campus 1 da USP. A programação das palestras pode ser consultada neste link.
Exposição Homo Faber
Antes do início do colóquio, foi realizado o coquetel de abertura da exposição Homo Faber, que permanece até o dia 13 de novembro
XX">no Centro Cultural da USP São Carlos. A mostra, que teve sua primeira edição em São Paulo em julho, durante o XVI Congresso CAAD Futures, reúne trabalhos representativos de 24 laboratórios do Brasil e do exterior dentro da compreensão de que fabricar é informar a matéria.
As peças são agrupadas em quatro áreas: superfícies, objetos, espaços e projetos sociais. Além do descritivo e de fotos sobre cada trabalho, o visitante também tem a oportunidade de acessar vídeos por meio de QR Codes a partir de seu próprio celular. Segundo o curador da exposição David Sperling, alguns modelos disponíveis na mostra também são táteis, o que permite a compreensão por deficientes visuais.
A exposição pode ser visitada de segunda a sexta, das 8h às 18h30, no Centro Cultural da USP São Carlos, que fica no acesso para pedestres da Av. Dr. Carlos Botelho, próximo à esquina com a Rua Visconde de Inhaúma. Mais informações pelo telefone (16) 3373 9106.