José Goldemberg: 90 anos do cientista e gestor público
O físico José Goldemberg durante conferência que fez em março no IEA |
Físico nuclear de formação e especialista em energia sustentável, política de CT&I, educação e meio ambiente, José Goldemberg chega aos 90 anos, comemorados no dia 27 de maio. Está em plena atividade, tanto na área acadêmica quanto na gestão pública, atividade que acompanha sua carreira de pesquisador desde 1986, quando se tornou o primeiro reitor da USP pós-redemocratização do país.
Atual presidente do Conselho Superior da Fapesp, Goldemberg tem recebido diversas homenagens pelo seu 90º aniversário. Nelas, a criação do IEA durante seu primeiro ano de reitorado tem sido destacada como uma de suas importantes contribuições para o desenvolvimento acadêmico do país.
Uma das homenagens foi a dedicação a ele da 5º Conferência Regional sobre Mudanças Globais: Energias Renováveis, Florestas e Futuro das Negociações Internacionais, realizada nos dias 5 e 6 de junho. [Leia reportagem da Agência Fapesp sobre a sessão em que vários cientistas falaram sobre a trajetória de Goldemberg.]
Além de reitor da USP, ele foi ministro da Educação, secretário nacional de Ciência e Tecnologia e secretário nacional do Meio Ambiente, secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
José Goldemberg (à dir.), então reitor da USP, Gerhard Malnic e Alfredo Bosi durante o lançamento do primeiro número da revista "Estudos Avançados", em 18 de dezembro de 1987 |
Professor emérito do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP e professor honorário do IEA, Goldemberg foi agraciado em 2008 com o Prêmio Planeta Azul, concedido pela Asahi Glass Foundation e considerado um dos mais importantes nomes da área ambiental. Ele recebeu também o Prêmio de Ciência da Fundação Conrado Wessel (2014) e o Prêmio Ambiental Volvo (2000), além da Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1995).
Patrono do IEA, Goldemberg tem participado de diversas realizações ao longo dos quase 32 anos de história do Instituto. Sua mais recente atuação foi na conferência que proferiu em março na Reunião de Diretores de IEAs de todas as regiões do mundo integrantes da Ubias (University-Based Institutes for Advanced Study), rede que tem o IEA entre seus fundadores e o vice-diretor do Instituto, Guilherme Ary Plonski, como presidente do Conselho Diretor. Ele também fez a conferência The 80 years of the University of São Paulo: A Critical Review na fase brasileira da Intercontinental Academia sobre o "tempo", projeto da Ubias realizado pelo IEA e pelo Instituto de Pesquisa Avançada da Universidade de Nagoya, Japão, em março de 2015 e abril de 2016.
Ao falar da constante participação de Goldemberg no IEA é impossível não citar sua participação na equipe que produziu o Projeto Floram em 1990 (v. a íntegra da proposta na revista "Estudos Avançados" nº 9). Esse projeto previa uma contribuição brasileira, por meio da recuperação florestal de 2,3% do território do país, para o retardamento por 50 anos do risco de aquecimento global provocado pelos gases de efeito estufa, período em que a comunidade international poderia reduzir aquele risco por meio do desenvolvimento de tecnologias de energia sustentável.
Foto 1: Leonor Calasans/IEA-USP | Foto 2: Jornal da USP