Mesa-redonda lança versão impressa do livro 'Universidade e Educação Básica: Ensaios Bosianos'
A Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica realiza no dia 1º de agosto, às 9h, no Centro MariAntonia da USP, a mesa-redonda de lançamento da versão impressa do livro "Universidade e Educação Básica: Ensaios Bosianos". Os expositores serão Nílson José Machado (FE-USP), Tathyana Gouvêa (Instituto Singularidades) e Marcos Piason Natali (FFLCH-USP). A abertura contará com Bernardete Gatti (atual titular da cátedra), Naomar de Almeida Filho (coordenador da obra e ex-titular da cátedra) e Roseli de Deus Lopes (diretora do IEA).
No enconto, os coordenadores dos diferentes grupos de pesquisa da cátedra contarão um pouco das implicações formativas do pensamento de Alfredo Bosi e de como foram os trabalhos e o processo de produção da obra de 392 páginas. Com 26 artigos, assinados por 51 estudiosos, a obra tem como organizadores cinco pesquisadores ligados à cátedra: Naomar de Almeida Filho, Nílson José Machado, Lino de Macedo, Luís Carlos de Menezes e Bernardete Gatti.
A mesa-redonda é uma realização da cátedra, do IEA, do Centro MariAntonia e do Itaú Social, e integra a programação paralela da mostra “Alfredo Bosi: Entre a Crítica e a Utopia”, em cartaz no centro até 25 de agosto. Ao final do encontro, serão distribuídos exemplares do livro ao público presente.
Disponível também em versão digital, a obra recém-publicada pelo IEA no Portal de Livros Abertos da USP tem o propósito de levar ao público algumas das discussões feitas no âmbito das pesquisas e encontros da cátedra desde a sua criação, em 2019. Os 26 artigos tratam de temas como os dilemas da educação básica no Brasil; a formação docente; a relação entre a educação escolar, o mundo do trabalho e as práticas sociais; o conceito de competências nas teorias pedagógicas, na legislação e nas normas educacionais; e a presença de tecnologias da informação e de comunicação no campo da educação.
Para Gatti, embora a versão digital facilite o acesso a partes específicas da obra, cujos temas interessam a diferentes nichos, o livro em formato impresso vem para atender a uma demanda. “Era algo que já estava nos nossos planos, mas a nossa ideia se aprofundou quando recebemos muitas perguntas sobre uma versão impressa durante o lançamento do livro digital”, explica. Assim, juntamente com a direção do IEA, os organizadores decidiram pela impressão de 250 exemplares.
“Nesse sentido, a gente fecha o ciclo dessa publicação com uma contribuição que é palpável, concreta, na forma de um livro, que todo mundo gosta de rabiscar, folhear, manusear. E num momento muito favorável: durante uma exposição em homenagem a Alfredo Bosi na Maria Antonia, tão simbólica para esta universidade”, ressalta Gatti.
Quanto à opção pela expressão “ensaios bosianos” como subtítulo da obra, Nilson José Machado explica no primeiro capítulo que ela ultrapassa a homenagem a Alfredo Bosi por sua dedicação às atividades ao longo das mais de três décadas em que atuou no IEA. Para ele, Bosi fornece em sua obra um método ligado à forma do ensaio e principalmente à ideia do "olhar móvel" em vez da rigidez do ponto de vista estático, conforme desenvolvida pelo crítico literário em seu ensaio “O Enigma do Olhar”, uma temática perene em Machado de Assis. Essencial para a questão educacional, tal conceito é, segundo o professor, um instrumento teórico fecundo para alcançar a aproximação entre as pessoas e a busca da verdade com método, mas com tolerância.
Ainda segundo Machado – que participou do grupo de pesquisa “Educação para a Cidadania” do IEA em meados dos anos 90, coordenado por Bosi –, um dos aspectos mais marcantes da atuação de Bosi era a maneira como ele pensava a universidade, para ele não deveria se restringir a um centro de formação profissional. “Isso tem que ser subordinado a um fim maior; o centro de gravidade da universidade é a cultura”, diz Machado. “Ele tinha muita consciência disso, trazendo para cá pessoas indiscutivelmente competentes que às vezes não tinham titulação acadêmica”, completa, citando como exemplo o trabalho desenvolvido com o poeta e tradutor José Paulo Paes. “O olhar dele estava na cultura, o que a pessoa trazia em termos de contribuição pessoal. E isso valorizou muito o IEA”.
Já a história da cátedra cujo nome presta homenagem ao crítico e professor é apresentada no segundo capítulo pelos organizadores da obra, além de Francisco Aparecido Cordão, Ana Paula Cordão e Roseli de Deus Lopes. Para além de retomar antecedentes fundamentais, como a criação da própria USP, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) e do IEA, o artigo esclarece os fundamentos conceituais e as linhas de trabalho da cátedra. “Trata-se de um programa de estudos e de intervenção sobre a realidade educacional, visando à prospecção e desenvolvimento de modelos de integração entre as universidades (sobretudo as públicas) e as redes de educação fundamental, média, profissional e superior”, escrevem os autores.
“O MariAntonia é um símbolo para nós da USP como antiga sede da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que tinha um papel muito forte na estrutura da universidade”, diz Gatti sobre a escolha do local do evento. “Hoje, é um centro cultural que recebe uma série de atividades, e como está abrigando uma exposição em memória do professor Alfredo Bosi, nós achamos que seria um momento interessante para fazer o lançamento desse livro, já que nossa cátedra o traz como patrono”, completa.
Mesa-Redonda de Lançamento do Livro "Universidade e Educação Básica: Ensaios Bosianos"
1º de agosto, 9h
Centro Universitário Maria Antonia da USP, Edifíco Rui Barbosa, Rua Maria Antonia, 294, São Paulo
Evento gratuito e aberto ao público, sem necessidade de inscrição
Mais informações: imprensama@usp.br, telefone (11) 3123-5202
Por Ananda Silva de Almeida (estagiária) e Leandra Rajczuk Martins