Michael Löwy explica o antiautoritarismo em Kafka
"Kafka — Sonhador Insubmisso" é o tema da conferência que o sociólogo Michael Löwy, diretor de pesquisa do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), França, faz dia 13, às 15h, no Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA. A exposição terá por base o livro de Löwy com o mesmo nome lançado em 2005 pela Azougue Editorial. Segundo ele, o livro parte de uma aposta: "Tentar achar o fio condutor que permite ligar, em Kafka, a revolta contra o pai, a religião da liberdade (de inspiração judaica heterodoxa) e o protesto (de inspiração libertária) contra o poder massacrante dos aparelhos burocráticos: o antiautoritarismo". Os debatedores no evento serão Maria Elisa Cevasco, do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e Marcelo Ridenti, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp.
No livro, o fio condutor identificado por Löwy (o antiautoritarismo) é seguido em ordem cronológica, "partindo de certos dados biográficos freqüentemente negligenciados – as relações de Kafka com os meios anarquistas de Praga – para analisar em seguida os três grandes romances inacabados e algumas das novelas mais importantes". Löwy faz uso também de fragmentos, parábolas e informações da correspondência e do diário de Kafka para esclarecer os grandes textos literários do escritor.
Löwy ressalva que essa interpretação não tem nenhuma intensão de ser exaustiva: "Trata-se antes de um ensaio, de uma tentativa de colocar em evidência a dimensão formidavelmente crítica e subversiva da obra de Kafka, tão freqüentemente ocultada. Isso não é uma leitura consensual e não deixará de suscitar controvérsias, pelo que ela se dissocia do cânone habitual da crítica literária que se ocupa do escritor praguense".
Löwy nasceu em São Paulo e licenciou-se em ciências sociais na USP em 1960. Obteve o doutorado na Sorbonne, França, em 1964, sob orientação de Lucien Goldmann. Vive em Paris desde 1969. Além de trabalhar no CNRS, dirige um seminário na École des Hautes Études en Sciences Sociales. Recebeu em 1994 a Medalha de Prata em Ciências Socias do CNRS. É autor de 15 livros e 125 artigos, traduzidos em 25 línguas. Entre suas principais obras disponíveis em edições brasileiras estão: "Método Dialético e Teoria Política", "Redençâo e Utopia — O Judaísmo Libertário na Europa Central", "Romantismo e Messianismo", "Romantismo e Política", "A Guerra dos Deuses — Religião e Política na América Latina" e "O Marxismo na América Latina de 1908 a Nossos Dias".
Foto de Michael Lövy: EHESS