Morre Boris Schnaiderman, tradutor, escritor e professor da USP
Schnaiderman em conferência no IEA |
Boris Schnaiderman, tradutor, escritor e professor da USP até 1979, morreu em São Paulo nesta quarta-feira, 18 de maio, um dia depois de completar 99 anos. Ele contraiu uma pneumonia enquanto esteve internado após passar por uma cirurgia no fêmur.
Pioneiro na tradução do russo para o português, foi o responsável por trazer para o Brasil algumas das mais importantes obras de ficção russas. Ainda em 1943, verteu para o português "Os Irmãos Karamázov", de Fiódor Dostoiévski, publicado pela editora Vecchi sob o pseudônimo Boris Solomonov. Além desta obra, traduziu do mesmo autor os livros "Memórias do Subsolo", "Um Jogador", "O Eterno Marido" e "Nétotchka Niezvânova". Outros grandes nomes da literatura russa também chegaram ao Brasil na versão de Schnaiderman: Liev Tolstói, Vladímir Maiakóvski, Anton Tchekhov, Aleksandr Púchkin e Maksim Górki.
Apesar do legado em letras, Schnaiderman se formou pela Escola de Agronomia do Rio. Antes de se tornar professor de literatura russa da USP, onde deu aula até 1979, ele trabalhou na Escola Agrotécnica de Barbacena (MG), do Ministério da Agricultura, de 1948 a 1953. Em 2001, recebeu o título de professor emérito da Universidade.
Na revista “Estudos Avançados”, o intelectual participou de dois números: publicou no número 23 “Duas vozes diferentes em Memórias do Cárcere?”; e, no número 32, no dossiê Rússia: Política e Cultura, escreveu o artigo “Bakhtin, Murilo, prosa/ poesia” e a apresentação da seleção “Poesias russas”, que teve sua curadoria e tradução.
Em 2012, seu trabalho foi objeto de análise no artigo “Boris Schnaiderman: questões de tradução nas páginas de jornal”, de autoria de Bruno Barretto Gomide, publicado no dossiê Tradução Literária, número 76 da “Estudos Avançados”.
Em setembro de 1989, Schnaiderman foi um dos conferencistas do seminário O Tempo na Literatura, realizado no IEA. Em maio de 1995, ele retornou ao Instituto para falar no encontro Lições do Fim da II Guerra.
Foto: Mauro Bellesa