Nova cesta básica tem grande potencial de impactar positivamente saúde dos brasileiros
Recentemente, o governo federal fez uma série de mudanças na composição da cesta básica, dando prioridade aos alimentos mais saudáveis e excluindo os ultraprocessados. As alterações também devem impactar políticas públicas voltadas ao combate à insegurança alimentar e ao estímulo de uma alimentação mais saudável. Para refletir sobre as consequências dessas mudanças e a evolução da alimentação do brasileiro ao longo do tempo, o USP Analisa conversa nesta semana com a professora da Faculdade de Saúde Pública da USP e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, Maria Laura da Costa Louzada.
Ela explica que o alcance dessas mudanças é amplo porque todos os programas do governo relacionados à cesta básica utilizam essa legislação, como o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Além disso, há um reflexo disso na própria economia.
“O Dieese [Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos] e outros órgãos da economia monitoram os preços e as ações do governo em relação a essa cesta básica de alimentos. Por fim, uma coisa muito importante também é que essa legislação pode pautar outras políticas públicas. Por exemplo, agora a gente está discutindo a tributação de alguns alimentos e a desoneração de impostos de outros, e com certeza essa legislação que define a nova cesta básica vai ser usada como referencial teórico para a gente debater isso na sociedade”, explica a professora.
Ela destaca que a nova cesta básica é baseada nas recomendações do Guia Alimentar da População Brasileira, um documento do Ministério da Saúde voltado a promover uma alimentação saudável e sustentável para a população. Um dos pontos principais para ela, nas mudanças, é a ausência dos alimentos ultraprocessados.
“Nos últimos anos, a gente viu uma transição alimentar na população brasileira, que come cada vez menos alimentos tradicionais, menos preparações culinárias baseadas nos alimentos in natura e minimamente processados, e cada vez mais ultraprocessados. Com isso, a Ciência da Nutrição começou a descobrir que esses alimentos estavam causando doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. E ao dizer que a cesta básica não vai ter ultraprocessados, mas sim alimentos in natura e minimamente processados, em sua maior parte, e também um pouco também de processados, como queijo e pão, o governo está dando uma resposta à sociedade de que se preocupa, sim, com a saúde e com o meio ambiente. Combinada com vários outros programas e políticas, a nova cesta básica tem muito potencial de impactar positivamente a saúde dos brasileiros”, afirma.
Além da conversa com Maria Laura, o podcast USP Analisa traz uma entrevista com a diretora da ACT Promoção da Saúde e integrante do grupo de referência da Cátedra Josué de Castro, Paula Johns. O conteúdo pode ser acessado na íntegra nas plataformas de podcast Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer e Amazon Music.
O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram ou em nosso grupo no Whatsapp.