Pesquisas do USP Cidades Globais revelam efeitos da quarentena sobre professores e população em geral
Duas pesquisas publicadas pelo Programa USP Cidades Globais revelaram alguns dos efeitos da quarentena imposta pela pandemia do coronavírus. Com dados coletados a partir de questionários virtuais, dois grupos avaliaram o impacto emocional causado pelo confinamento: um na população em geral e o outro nos professores da rede pública paulista.
O levantamento “Educação, Docência e a Covid-19” coletou quase 20 mil respostas de professores da rede estadual de São Paulo, atingindo 544 municípios paulistas, com o objetivo de medir o impacto da quarentena sobre a atuação profissional e o aprendizado dos alunos. Mesmo com os novos desafios para lecionar, 70% declararam se sentir aptos para desempenhar suas funções virtualmente. Por outro lado, 85% têm a percepção de que os estudantes aprendem menos com a educação mediada pela tecnologia.
Em relação à saúde mental dos professores, outro ponto abordado nas perguntas, surgiram sentimentos de insegurança em relação ao confinamento. Mais da metade dos participantes (53%) se considerarem muito vulneráveis a contrair o vírus causador da Covid-19.
Os pesquisadores consideraram que as respostas dos professores mostram um cenário mais positivo e otimista em relação a outras pesquisas sobre a atuação docente nos tempos de pandemia. Alertam, porém, que existe uma urgência na revisão do atual modelo de educação mediada pela tecnologia e na adoção de novos formatos que garantam uma aprendizagem significativa dos estudantes, bem como uma forma de avaliação assertiva.
Emoções na pandemia
Ansiedade, preocupação, apreensão e cansaço foram as reações mais citadas pelas 1.956 pessoas que responderam à pesquisa “Emoções Momentâneas: comportamentos e hábitos cotidianos pós-pandemia”, que avaliou hábitos e comportamentos da população em geral durante o confinamento. Também foram citados angústia, tranquilidade, medo e tristeza.
“São contradições diante da incerteza, na qual as emoções estão constantemente em movimento, não havendo uma linha reta”, avaliam os pesquisadores. As respostas vieram de todos os 27 estados brasileiros, mas a maioria (65,9%) dos participantes era paulista.
A pesquisa tratou também das emoções e percepções em relação ao uso dos espaços públicos no período pós-pandemia. Cerca de 86% das pessoas afirmaram sentir falta de estar em áreas verdes e, para 66% dos que participaram, deve haver uma mudança significativa na relação com os espaços públicos (ruas, praças, parques, praias etc.) e semipúblicos (shopping centers, centros culturais, cinemas, teatros etc).