Posse da Diretoria do IEA será em 4 de novembro e terá lançamento de livro sobre trajetória do Instituto
"Organizar e contextualizar o conhecimento de forma interdisciplinar e articular e coordenar a interação de equipes e redes interdisciplinares para a produção de novas ideias, estudos e pesquisas que contribuam para a tomada de decisões e para o estabelecimento de políticas públicas que promovam o desenvolvimento social sustentável pacífico e assim melhorem a vida no planeta".
Esse é o principal objetivo para a gestão do IEA no período 2024-2028 definido pela diretora Roseli de Deus Lopes e pelo vice-diretor Marcos Buckeridge, que tomam posse oficialmente no dia 4 de novembro, às 14h, em cerimônia na Sala do Conselho Universitário da USP. A participação na Sala do Conselho Universitário requer inscrição prévia. Haverá transmissão ao vivo pela internet, sem necessidade de inscrição.
No evento, também será comemorado o 38º aniversário de criação do IEA. Para celebrá-lo, será lançada o livro "Avançados em Quê? - A Trajetória Pioneira do Instituto de Estudos Avançados da USP", de Guilherme Ary Plonski, diretor anterior do Instituto, e do historiador Roney Cytrynowicz. A versão digital da obra está disponível, gratuitamente, no Portal de Livros Abertos da USP. A cerimônia e o lançamento são abertos ao público.
Propostas
O Programa de Gestão da Diretoria do IEA elenca uma série de propostas específicas para os próximos quatro anos. Elas incluem a ênfase na indução de interações, conexões e estabelecimento de redes; a atração de pesquisadores renomados internacionalmente e jovens talentos para que enfrentem problemas e questões complexas como os desafios globais de sustentabilidade, mudanças climáticas, transições energéticas e transformações sociais.
Os estudos sobre o papel das universidades e os grandes desafios das ciências e engenharia no Brasil e no mundo terão continuidade por meio de parcerias com instituições nacionais e internacionais. Um tema a ser explorado será o de ciências e engenharias para a paz.
Entre as outras propostas do programa figuram: o apoio a projetos científicos que serão os produtores de conhecimento para a interdisciplinaridade e as inovações sustentáveis do futuro; a divulgação e interação dos pesquisadores e equipes de pesquisas com a comunidade acadêmica e a sociedade em geral; a estruturação e criação de um programa de excelência e equidade na educação, de forma a catalisar esforços e recursos, incluindo bolsas para alunos e professores.
As demais propostas de Buckeridge e Roseli incluem a modernização de procedimentos e processos acadêmicos do Instituto, requalificação de seus espaços, implementação de um Escritório de Apoio a Programas e Pesquisas, intensificar a colaboração com outros IEAs do Brasil e do exterior, criação do Programa Embaixadores do IEA (representantes nas demais unidades da USP) e incorporação do Programa Eixos Temáticos da USP (ProETUSP), atualmente sediado na Reitoria.
Perfis
Roseli é professora titular da Escola Politécnica da USP, da qual é graduada, mestre, doutora e livre docente em engenharia elétrica. Integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República, a Diretoria da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge). É coordenadora geral da Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica do IEA, vice-coordenadora do Núcleo de Apoio à Pesquisa Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas e coordenadora do InovaLab@Poli. Também participa, como colaboradora, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da USP, onde coordena os Programas Pibic, Pibiti e Pibic-em. Foi vice-diretora do IEA, diretora e vice-diretora da Estação Ciências da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP e participou da Diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ela lidera pesquisas nas áreas de: educação para/em engenharia, educação Steam, interação humano-computador, tecnologia assistiva, tecnologias para educação e sistemas ciberfísicos baseados em tecnologias abertas.
Buckeridge é professor titular do Instituto de Biociências da USP, do qual foi diretor e onde graduou-se como biólogo. É mestre em biologia molecular pela Unifesp e doutor em bioquímica de vegetais pela Universidade de Sterling, Reino Unido, com pós-doutorado na Universidade Purdue, EUA. Como assessor sênior da Reitoria da USP, é responsável pela coordenação executiva do Programa Eixos Temáticos, membro titular da Academia Brasileira de Ciências e integrante da SBPC. Também coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol e dirige o Programa Bioenergia com Sistemas de Captura de Carbono do Centro de Pesquisa em Inovação sobre Gases de Efeito Estufa da USP. Foi presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo por dois mandatos e participou do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). Também dirigiu o Laboratório Nacional de Bioenergia. No IEA, fundou e coordenou até 2022 o Centro de Síntese USP Cidades Globais. Buckeridge atua principalmente em pesquisas sobre mudanças climáticas, ciências urbanas e políticas públicas, bioenergia e uso sustentável da biodiversidade.
Trajetória
Na nota introdutória de "Avançados em Quê?", o diretor e a vice-diretora do IEA de abril de 2020 a abril de 2024, os professores Guilherme Ary Plonski e Roseli de Deus Lopes lembram que o reitor da USP na época da criação do Instituto, professor José Goldemberg, a quem o livro é dedicado, havia conhecido de perto o Instituto de Estudos Avançados de Princeton, EUA, e "entendeu ser esse o modelo estratégico para revitalizar a Universidade, após o dramático período vivido sob os tacões do regime autoritário". Essa é a razão, segundo eles, de Goldemberg ter atribuído ao IEA a missão de "favorecer novas ideias, resultantes do convívio, do confronto e da interação entre as diversas áreas de trabalho intelectual" [nas palavras do então reitor).
O livro aprofunda o contexto cultural que levou à criação do IEA e expõe sua trajetória, a partir de pesquisa e entrevistas conduzidas pelo historiador Roney Cytrynowics, trabalho viabilizado pelos parceiros Fundação Itaú e Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), apontam Plonski e Roseli. Para eles, o IEA deve em grande medida os avanços relatados na obra "ao fato de integrar a vibrante comunidade da USP", por isso sua publicação se insere nas comemorações dos 90 anos da Universidade.
Em seu texto de apresentação do livro, o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, ressalta o papel desempenhado pelo Instituto, ao longo de sua trajetória, na promoção da excelência acadêmica da Universidade, "buscando incessantemente estender a fronteira do conhecimento em diversas áreas do saber". Além da ênfase do IEA na interdisciplinaridade e na colaboração intelectual, Carlotti Jr. lembra que diversos trabalhos do Instituto subsidiaram políticas públicas em áreas essenciais para o país, como educação e saúde.
O reitor destaca que, mesmo não tendo corpo docente e discente próprios, o IEA consegue congregar em suas equipes de pesquisa professores e estudantes de 80% das unidades, museus e institutos especializados da USP, além de contribuir com o intercâmbio acadêmico com outras instituições, brasileiras e estrangeiras. Ele ressaltou o fato de o IEA ser membro fundador e coordenador de 2019 a 2021 da rede internacional Ubias (University-Based Institute for Advanced Study), que reúne 47 IEAs vinculados a universidades dos cinco continentes, algo que "contribuiu para a projeção internacional da USP".
A vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda aborda em seu texto o contexto da redemocratização do país no qual o IEA foi criado: "Imaginou-se um lugar no qual pesquisadores, cientistas, intelectuais, artistas, jornalistas, personalidades públicas pudessem conviver e projetar uma Universidade renovada em consonância com os novos tempos". Ela afirma que o IEA colaborou na construção democrática do país, "na medida em que refletiu sobre as nossas questões, deu voz aos opositors do obscurantismo, enfim, encarou o papel ilustrado de uma Universidade contemporânea do seu tempo".
"Esse espírito esclarecido que esteve na origem do IEA não se perdeu, como se pode constatar nas ações do Instituto, voltadas a acolher e refletir sobre os novos rumos da Universidade inclusiva, diferenciada e socialmente democrática, conquanto não se tenha abandonado a pauta avançada do conhecimento e da ciência", escreve a vice-reitora.
Apoio
A produção e publicação do livro contaram com apoio financeiro da Fundação Itaú e do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Em texto na seção de apresentação da obra, o presidente da Fundação Itaú, Eduardo Saron, afirma que a parceria entre a fundação e a USP, por meio do IEA, nasceu a partir do "anseio mútuo de desenvolver iniciativas estratégicas, perenes e de impacto". O objetivo sempre foi "contribuir com políticas públicas emancipatórias e facilitadoras de mudanças estruturais na educação e na cultura".
Saron destacou os dois pontos principais da parceria: o apoio da fundação durante os cinco anos iniciais da Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica, inaugurada em 2019 para o estudo de práticas inovadoras e formações que promovam avanços significativos nas propostas para a educação básica, e à Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência desde sua implantação em 2016, apoio que tem possibilitado a construção de um "vasto legado a partir de estudos que perpassam a gestão cultural, o papel da cultura na sociedade e discussões transversais sobre arte e ciência".
O secretário executivo do CGI.br, Hartmut Richard Glaser, diz em seu texto que a Cátedra Oscar Sala, fruto da parceria entre o comitê e o IEA, possibilita o intercâmbio multidisciplinar entre os saberes de áreas diversas, oferecendo a disciplina de pós-graduação Economia, Cultura e Poder na Internet, visando fortalecer e cultivar o conhecimento sobre a internet, seu impacto, funcionamento, aplicações e ferramentas. "Assim ampliamos, USP e CGI.br, o horizonte das tecnologias digitais que favoreçam o avanço tecnológico, a inovação e o direito fundamental de acesso à informação e comunicação".