Projeto pretende interligar serviços da cidade para melhorar gestão e a vida dos moradores
Imagine conectar todos os sistemas que gerenciam uma cidade para facilitar a vida do cidadão e a própria administração. Parece uma solução distante? Pois saiba que já tem gente trabalhando para colocar esse projeto em prática. Foi o que mostrou a jornalista Deise Nascimento, em uma palestra no dia 4 de junho, no Instituto de Estudos Avançados Polo São Carlos.
Deise comanda o Instituto Árvore da Vida, uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) de Campinas que realiza ações e projetos de preservação ambiental e inclusão social ligados ao meio ambiente e à cultura. Hoje, um dos principais projetos do Instituto é o Cidades Inteligentes, focado no uso da tecnologia da informação em prol do desenvolvimento sustentável.
“Nossa história começou em 2005, quando um grupo de moradores do distrito de Barão Geraldo, em Campinas, se uniu para recuperar algumas áreas e córregos do bairro. Estudantes da Unicamp e arquitetos se juntaram ao grupo e a idéia cresceu. Desenhamos um projeto para a cidade toda, envolvendo plantios e recuperação de áreas urbanas degradas, e aí percebi que o que seria uma ação local tinha conexão com o planeta”, explica Deise.
A jornalista começou então a estudar leis ambientais e tecnologia, e descobriu que era possível unir as duas áreas em um projeto maior. Nascia assim o Instituto Árvore da Vida, que hoje abriga um núcleo de inovação tecnológica (NIT) responsável pelo projeto Cidades Inteligentes.
“A ideia é criar comunicação entre diversos serviços. Por exemplo, você chega em um ponto de ônibus e, por um aplicativo no seu celular, pode acessar que linhas passam por ali, quais os trajetos, os horários. Hoje a pessoa chega no ponto de ônibus e, muitas vezes, não há informação alguma”, diz Deise.
Para desenvolver a plataforma à qual esses aplicativos vão se conectar, o Instituto fez uma parceria com a Living Planit, empresa que já está colaborando em um porjeto semelhante, a construção da Planit Valley, uma eco-cidade no distrito de Porto, em Portugal. Essa cidade contará com uma central equipada com uma rede de sensores espalhados por todos os locais, funcionando coordenadamente como o sistema nervoso do corpo humano, o que permitirá controlar a geração de energia e o tratamento de água, entre outros serviços.
Aqui no Brasil, segundo Deise, a maior dificuldade é convencer os setores públicos e privados a se integrarem. “É um projeto a longo prazo, mas que está em fase de implantação. No Largo do Rosário, em Campinas, já temos parceiros idealizando aplicativos para conectar o comércio da região”.