Divulgada a relação de selecionados para o Programa Ano Sabático de 2017
A Portaria IEA nº 5/2016 com os nomes dos professores da USP escolhidos pelo Conselho Deliberativo (CD) do Instituto para a edição 2017 do Programa Ano Sabático no IEA foi publicada nesta quinta-feira, 24 de novembro, no “Diário Oficial do Estado de São Paulo”.
O CD escolheu oito dos 17 candidatos inscritos. Os projetos de pesquisa contemplados contêm conexões entre várias áreas do conhecimento, incluindo temas das áreas de saúde pública, psicologia, ambiente, sustentabilidade, urbanismo, esporte, antropologia, cultura digital, história e patrimônio histórico.
Os pesquisadores são docentes de sete unidades da USP: Faculdade de Saúde Pública (FSP), Faculdade de Medicina (FM), Escola de Comunicações e Artes (ECA), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e Escola de Educação Física e Esporte (EEFE). Metade cumprirá período sabático de um ano e a outra metade ficará no IEA por seis meses.
O Programa Ano Sabático no IEA foi instituído em junho de 2015 por resolução do reitor Marco Antonio Zago e conta com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa. Os participantes da primeira edição desenvolveram seus projetos em 2016.
Para disputar as vagas do programa, os candidatos precisam ter sete anos de efetivo exercício de suas funções em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP) na Universidade. Durante o sabático devem atuar apenas no IEA, ficando dispensados de suas atividades - inclusive as didáticas - nas suas unidades de origem. Além das atividades previstas nos projetos de pesquisa, devem proferir ao menos uma conferência pública por semestre e produzir um artigo inédito ou outro produto (livro ou obra de arte).
Sinopses dos projetos e perfis dos selecionados
Andrea Cavicchioli - EACH
Apresentou o projeto "Atlas da Arquitetura em Terra". Seu objetivo é reunir, complementar e sistematizar os conhecimentos sobre as construções históricas realizadas nos séculos 16 a 19 no Estado de São Paulo com técnicas tradicionais baseadas no uso de terra crua. Com isso, pretende propiciar a elaboração de estratégias de conservação com base na caracterização químico-física dos elementos materiais desse patrimônio.
Professor assistente da EACH, Cavicchioli é graduado em química industrial pela Universidade de Estudos de Milão, Itália, e obteve os títulos de mestre em química analítica ambiental pela Universidade de Londres, Reino Unido, e doutor em química analítica pelo Instituto de Química da USP, onde também realizou pesquisa de pós-doutorado. É livre docente pela EACH.
Arlindo Philippi Jr. - FSP
"Experimentações Urbanas na Perspectiva de Novas Ideias e Soluções Sustentáveis para a Cidade" é o título do projeto apresentado por Philippi Jr. Ele pretende desenvolver ideias e soluções - por meio de experimentações, discussões e reflexões - que possam contribuir para responder às necessidades das pessoas no seu cotidiano e nas transformações urbanas, levando em consideração os princípios da sustentabilidade e as necessárias articulação e concepção interdisciplinares.
Philippi Jr. é professor titular da FSP. Engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, tornou-se especialista, mestre, doutor e livre docente em saúde pública pela FSP. Aperfeiçoou-se na área ambiental em cursos de instituições do Japão, Reino Unido e EUA e realizou pesquisas de pós-doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA.
Berenice Bilharinho de Mendonça - FM
Berenice desenvolverá o projeto "Desenvolvimento e Divulgação de Material Educacional para Aprimoramento do Diagnóstico e Tratamento dos Distúrbios do Desenvolvimento Sexual (DDS) no Brasil". O objetivo é desenvolver e divulgar protocolos de atendimento para os profissionais da saúde e material didático esclarecedor do diagnóstico clínico, laboratorial e molecular dos DDS para pais, familiares e professores de crianças com genitália atípica, para aprimorar o diagnóstico e tratamento desses pacientes em todo o país.
Ela graduou-se em medicina na Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro e obteve os títulos de mestre e doutora pela Faculdade de Medicina da USP, onde é titular de clínica médica/endocrinologia. Berenice é especializada em endocrinologia pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
Frederico Azevedo da Costa Pinto - FMVZ
"Homem Moderno: Um Animal Privado Socialmente do Direito de Adoecer" é o tema do projeto de pesquisa que Costa Pinto realizará no IEA. Ele avaliará historicamente as mudanças na forma como a sociedade enxerga e lida com indivíduos doentes e confrontar tais mudanças com a evolução da jornada de trabalho, das expectativas de produtividade do trabalhador moderno e com os investimentos farmacêuticos em compostos paliativos focados na restauração momentânea do bem-estar.
Costa Pinto graduou-se em veterinária na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, onde tornou-se mestre e doutor em patologia experimental. Desenvolveu pesquisas de pós-doutorado na FMVZ, na Universidade Estadual da Lousiana e na Universidade Rockefeller, estas duas nos EUA.
Gilson Schwartz - ECA
No projeto "Mil Clicks: Monetização Lúdica, Cidade Líquida e Disrupções Digitais na Teoria do Valor", Schwartz pretende realizar pesquisa teórica, produção audiovisual colaborativa e desenvolver software. Ao mesmo tempo, acompanhará um caso prático: a monetização criativa por meio da campanha de mídia social Mil Clicks, criada e coordenada por ele em parceria com a Unesco, com implementação iniciada na Global Mil Week (2 a 6 de novembro de 2016), atividade vinculada à Assembleia Geral da Unesco sobre alfabetização midiática e informacional.
Graduado em economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e em sociologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Schwartz é doutor pelo Instituto de Economia da Unicamp e livre docente pela ECA. Foi professor visitante do IEA, onde criou o projeto Cidade do Conhecimento, e do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Warwick, Reino Unido.
Kátia Rubio - EEFE
Professora associada da EEFE, Kátia apresentou o projeto "A influência dos Deslocamentos Nacionais e da Migração Transnacional na Formação da Identidade de Atletas Olímpicos Brasileiros". O corpus a ser utilizado pela pesquisa compreende as narrativas biográficas sobre cerca de 1.300 atletas brasileiros participantes de Jogos Olímpicos desde 1948. Ela destaca que o processo de profissionalização do esporte ocorreu concomitantemente ao processo de globalização e à reconfiguração dos Estados nacionais, condição estreitamente vinculada à carreira de atletas que dependem de um sistema esportivo organizado em nível nacional para poder disputar competições internacionais. "Daí a importância e a relevância dos estudos relacionados com a construção e desenvolvimento de identidades nacionais, condição fortemente abalada em função da globalização".
Livre docente pela EEFE, Kátia é graduada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em psicologia pela PUC-SP, mestre pela EEFE e doutora pela Faculdade de Educação (FE) da USP. Foi professora visitante na Universidade Estadual Kent de Ohio, EUA, e no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Birmingham, Reino Unido.
Marisa Midori Deaecto - ECA
"A 'Idolatria Democrática' ou a Impossível Igualdade: Um Estudo sobre a Recepção de François Guizot no Brasil (1848-1860)" é o projeto no qual a pesquisadora vai averiguar se os primeiros escritos sobre a Revolução Francesa foram lidos, discutidos ou mesmo apropriados pelos leitores brasileiros. O estudo sobre a recepção de Guizot, historiador e político francês, principalmente de seu libelo "De la Démocracie en France", insere-se em um projeto mais ambicioso – e de longo prazo – de Marisa voltado para a identificação e análise das edições de autores franceses traduzidas para o português e publicadas de 1848 a 1889.
Ela é graduada em história pela FFLCH, onde se tornou mestre e doutora em história econômica. Além de professora da ECA, é docente credenciada do Programa de Pós-Graduação em História Econômica da FFLCH e coordenadora do Grupo de Estudos História da Edição e das Práticas de Leitura no Brasil, vinculado ao Núcleo de Estudos do Livro e Edição (Nele) da USP.
Stelio Alessandro Marras - IEB
O projeto de Marras tem por tema "Antropologia e Ecologia: Outras Alteridades, Novos Pactos". Sua hipótese de trabalho é que o objeto da antropologia - "tradicionalmente tomado como 'cultura' ou 'sociedade'" - necessita de revisão urgente diante dos desafios de "um conjunto interligado de problemas que mais e mais nos assombram": erosão da biodiversidade a par da sociodiversidade; ameaças crescentes à segurança alimentar; poluição e envenenamento de solos, rios, oceanos e atmosfera; elevação do nível dos mares; esgotamento de recursos ("e da própria noção de recurso, vale adiantar") e inúmeros problemas conexos e derivados do aquecimento global. De acordo com Marras, esses desafios "emergem agora, mais do que nunca, à revelia das não menos tradicionais separações epistemológicas, ontológicas e de tarefas entre ciências da matéria e ciências do espírito".
Professor e pesquisador do IEB, Marras é graduado em ciências sociais e mestre e doutor em antropologia pela FFLCH. É pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios (Cesta) da USP e coordenador do Laboratório Pós-Disciplinar de Estudos (Papod), sediado no IEB.