Ano Sabático do IEA já tem pesquisadores definidos para 2018
O grupo de professores da USP que participará do Programa Ano Sabático do IEA em 2018 já está definido. Serão seis docentes no total, cinco com projetos de um ano e um com projeto de seis meses. Os nomes foram divulgados no último sábado, dia 30 de setembro, no Diário Oficial do Estado.
Após análise dos projetos de 14 candidatos, o Conselho Deliberativo (CD) do IEA selecionou pesquisadores das áreas de arqueologia; artes cênicas e moda; história; administração e inovação; direito e políticas públicas; e educação.
O grupo é formado pelos professores Fabíola Andréa Silva, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE); Fausto Roberto Poço Viana, da Escola de Comunicação e Artes (ECA); Maria Helena Pereira Toledo Machado, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH); Geciane Silveira Porto, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP); Diogo Coutinho, da Faculdade de Direito (FD); e Gladys Beatriz Barreyro, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH).
O Programa Ano Sabático no IEA foi instituído em junho de 2015 por resolução do reitor Marco Antonio Zago e conta com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa. Já houve turma em 2016, e a de 2017 concluirá suas atividades no início do próximo ano.
Para disputar as vagas do programa, os candidatos precisam ter sete anos de efetivo exercício de suas funções em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP) na Universidade. Durante o sabático devem atuar apenas no IEA, ficando dispensados de suas atividades - inclusive as didáticas - nas suas unidades de origem. Além das atividades previstas nos projetos de pesquisa, devem proferir ao menos uma conferência pública por semestre e produzir um artigo inédito ou outro produto (livro ou obra de arte).
Projetos selecionados
Diogo Rosenthal Coutinho (FD-USP)
Professor do Departamento de Direito Econômico-Financeiro da Faculdade de Direito da USP, desenvolverá a pesquisa “Incerteza e entraves jurídicos à inovação no Brasil”, que terá duração de 12 meses. O projeto discutirá os papéis do direito nas políticas públicas e nas relações público-privadas no campo da inovação no Brasil. Parte da premissa de que para fomentar a inovação é necessário conceber, estruturar e articular arranjos jurídico-institucionais e instrumentos contratuais capazes de coordenar de forma eficaz atores-chave como o Estado, empresas e empresários e universidades. Coutinho trabalhará com a hipótese de que, apesar de uma série de avanços na legislação, o direito ainda pode ser considerado parte do conjunto de “gargalos” à inovação no país. Ao final da pesquisa, ele pretende produzir dois artigos acadêmicos, um em português e outro em inglês.
Fabíola Andréa Silva (MAE-USP)
Professora e pesquisadora no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, realizará pesquisa durante 12 meses no IEA. Com o projeto “Etnografando a Arqueologia: um Estudo Interdisciplinar sobre o Uso do Dado Etnográfico na Produção do Conhecimento Arqueológico”, Fabíola buscará demonstrar e analisar a contribuição da prática etnográfica na produção do conhecimento arqueológico, no continente americano. A pesquisa se divide em duas partes: 1. revisão crítica da bibliografia sobre o uso dos dados etnográficos e da prática etnográfica na interpretação arqueológica; 2. efetivação de uma prática etnográfica no âmbito de uma investigação arqueológica. Ela buscará compreender o modo como a etnografia está emaranhada nas práticas arqueológicas, e de que forma o dado etnográfico tem contribuído, ao longo dos tempos, para as interpretações arqueológicas sobre a materialidade.
Fausto Roberto Poço Viana (ECA-USP)
Professor do Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicação e Artes da USP, Viana realizará o projeto “Para vestir a cena contemporânea: indumentária no Brasil pré-1500 até finais do século XVII, com duração de 12 meses e que já vem sendo desenvolvido por ele. Tratará da identificação, criação, modelagem e confecção de trajes brasileiros ou aqui usado no período pré-1500 até 1890. A pesquisa é voltada ao trabalho das artes cênicas, notadamente da criação dos trajes de cena, de caráter mais realista aos mais experimentais, e recriações artísticas. O pesquisador estudará, no Brasil daquela época, o pano de fundo histórico; a vida em sociedade; os tecidos, vestimentas e trajes; o comércio e produção de têxteis, se existente; diferentes materiais e adornos/adereços usados; cores dos tecidos, trajes e pintura corporal; formas de costura e confecção dos trajes e categorização. No Sabático, Viana pretende organizar um portal eletrônico para organizar os dados de pesquisa e seus produtos, uma espécie de um museu virtual.
Geciane Silveira Porto (FEARP-USP)
Professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto, Geciane atua nas áreas de gestão da inovação e empreendedorismo. No IEA, realizará pesquisa por 12 meses intitulada “Evolução das redes de cooperação e as tecnologias emergentes nos segmentos da biotecnologia: uma aplicação da Ars Dinâmicas em patentes”. Com o estudo, ela pretende analisar a evolução dos esforços tecnológicos do setor de biotecnologia no Brasil e no mundo, aplicando a técnica de análise de redes sociais dinâmicas para construir as redes de cooperação entre empresas, universidades e institutos de pesquisa, além de mapear as rotas tecnológicas que resultaram no desenvolvimento de invenções protegidas por patentes nos segmentos da biotecnologia nestas redes. Geciane espera mapear os principais atores, as tecnologias promissoras e seus mercados alvos nos últimos 20 anos e verificar a inserção dos atores brasileiros nas respectivas redes colaborativas, o que permitirá monitorar as tendências de tecnologias emergentes.
Professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), atua na área de educação, especialmente com políticas e avaliação da educação superior, nas escalas global, regional e nacional. Realizará a pesquisa “Internacionalização da educação superior: uso dos rankings”, com seis meses de duração, a qual irá investigar os impactos dos resultados dos rankings internacionais de universidades na educação superior brasileira, focando em duas instituições: a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Entre os objetivos, está investigar se e quais transformações esses rankings têm gerado na identidade institucional e nas finalidades de ensino, pesquisa e extensão.
Maria Helena Pereira Toledo Machado (FFLCH-USP)
Professora no Departamento de História da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP, é especialista em história social da escravidão, abolição e pós-emancipação. No IEA, realizará por 12 meses o projeto “A história de um curador negro em São Paulo da escravidão ao pós-emancipação (João de Camargo – 1858-1942)”, que pretende elaborar uma biografia do curador popular nascido escravo João de Camargo (1858-1942), de Sorocaba, fundador da Igreja Nosso Senhor do Bonfim da Água Vermelha. O foco é na recuperação de seu culto e práticas de cura, buscando compreender também as razões que justificam a sobrevivência deste culto até a atualidade. Assim, Maria Helena espera contribuir para o aprofundamento da compreensão na área da história da cultura e da história das religiões, além do papel desempenhado por cultos afro e afrodescendentes no período em tela.
Colaboração: Vinícius Sayão