Sambódromo do Anhembi recebe intervenção para ressaltar importância das vacinas
Fevereiro é sinônimo de carnaval, festas e aglomerações de pessoas para a grande maioria dos brasileiros. Mas em 2021 a folia foi cancelada em virtude da pandemia de covid-19. Para reforçar a importância de se resguardar nesse momento de aumento dos casos e também da necessidade de vacinar a população para que a doença seja controlada, os organizadores da campanha Todos Pelas Vacinas realizaram uma ação especial na última sexta-feira, quando deveriam começar os desfiles das escolas de samba de São Paulo.
“Pintamos o Sambódromo do Anhembi com a hashtag #TodosPelasVacinas e produzimos um vídeo com drone em time-lapse mostrando essa ação. A ideia é destacar que só vai haver carnaval novamente quando tivermos vacinas para todos”, explica a bióloga Flávia Ferrari, integrante do Observatório Covid-19, uma das instituições que está à frente da iniciativa.
A pintura, de aproximadamente mil metros quadrados, foi feita pelo coletivo artístico Nós Artivistas com o apoio de voluntários. O grupo é conhecido por realizar intervenções semelhantes em diversos pontos da capital paulista como protesto à morte de um cidadão negro por seguranças em um supermercado de Porto Alegre no ano passado.
No sábado, alguns integrantes da escola de samba Vai-Vai também se apresentaram no local sem público como parte da intervenção. “A ação faz parte de uma ação promovida pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo chamada ‘Tô me guardando’, ou seja, estou me guardando para quando o carnaval voltar”, conta Flávia.
O vídeo vai estar disponível nas redes sociais da campanha Todos Pelas Vacinas a partir desta quarta-feira.
Campanha teve início em janeiro
A campanha Todos Pelas Vacinas começou no dia 21 de janeiro, com um “tuitaço” (grande onda de publicações no Twitter) incluindo vídeos, artes, charges e materiais educativos produzidos por diversas instituições como a União Pró-Vacina (UPVacina), a Rede Análise Covid-19, o Observatório Covid-19, os Blogs de Ciência da Unicamp e o grupo de divulgação científica Pretty Much Science. A iniciativa teve também o apoio de integrantes da comunidade não-científica e de artistas, em um grande esforço coletivo de informação sobre vacinas.
O “tuitaço” contou ainda com uma ajuda bastante peculiar: fãs de música pop coreana, entre eles os da banda BTS Army. Segundo o integrante da UPVacina Wasim Syed, eles foram acionados por outros membros da organização do ato e aceitaram participar. A atuação dos “k-poppers” já era conhecida em outras causas, como os incêndios no Pantanal e o movimento Black Lives Matter. “Eles são super engajados, todos os dias estão subindo tags no Twitter”, diz ele.
O resultado não poderia ter sido melhor. Foram mais de 50 mil interações no Twitter e a #TodosPelasVacinas atingiu o primeiro lugar nos Trending Topics no Brasil. A mídia tradicional também abriu espaço e a campanha foi notícia em diversos veículos de comunicação. Em outras redes sociais, os conteúdos ganharam destaque, principalmente um vídeo criado pelo designer e animador em 3D Bruno Alberto. Nele, o personagem Zé Gotinha aparece dançando o funk “Bum bum tam tam”, que virou hit da vacina do Instituto Butantan contra a covid-19.
Todo o conteúdo utilizado na campanha segue disponível no site todospelasvacinas.info. Lá estão reunidos artes e charges sobre o tema criadas por cartunistas como Laerte e Orlandeli, diversos memes para redes sociais e ainda conteúdo educativo produzido por pesquisadores e divulgadores científicos esclarecendo as principais dúvidas sobre a eficácia e a segurança das vacinas. Artistas e personalidades, como a atriz Denise Fraga, a comentarista e apresentadora Gabriela Prioli e a cantora Leci Brandão, também gravaram vídeos incentivando a população a se vacinar. O site teve mais de 48 mil acessos em pouco mais de uma semana.
“Foi uma grande celebração pelas vacinas e acredito que isso se manterá por muito tempo, porque essa iniciativa não se limita à campanha, visto que todos os nossos membros já faziam divulgação sobre vacinas”, diz Wasim.
A bióloga Flávia Ferrari, que também encabeçou a campanha, fez um balanço positivo da campanha. “A importância dela foi juntar iniciativas dispersas num único portal, onde é possível pegar material embasado cientificamente e postar nas redes, permitindo que as pessoas comuns também façam parte dessa campanha de combate à desinformação. O grande resultado da campanha é que, de fato, elas estão compartilhando os materiais, acessando o site e tendo contato com informação de qualidade”.
Próximos passos
Segundo Wasim, a equipe pretende continuar o trabalho de mobilização em prol da vacina com diferentes públicos, entre eles, os profissionais da saúde. “Eles são o primeiro contato que a população tem, pois são responsáveis por aplicar a vacina. É importante capacitá-los para responder às principais dúvidas que surgem sobre esse assunto”, diz.
Uma das ferramentas que podem ajudar a levar essas informações entrou no ar recentemente: o podcast VacinaPod, disponível em plataformas de áudio como o Spotify e o Google Podcast. Os episódios são adaptações dos áudios para Whatsapp produzidos anteriormente pela UPVacina e seus parceiros.
O integrante da UPVacina também destaca a importância de adaptar o material já produzido para a linguagem de diferentes comunidades, como foi feito pelo Portal Kondzilla, maior canal brasileiro do YouTube. “É fundamental investir em analogias que considerem cada contexto social. As pessoas entendem melhor quando se identificam com a explicação”, afirma.
Sobre a União Pró-Vacina
A União Pró-Vacina é uma iniciativa articulada pelo Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP em parceria com diversas instituições científicas e acadêmicas. Entre as ações realizadas estão: produção de material informativo; intervenções em escolas, espaços públicos e centros de saúde; eventos expositivos e combate às informações falsas.
Saiba mais em: sites.usp.br/iearp/uniao-pro-vacina