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Simpósio aborda caminhos para melhorar a educação infantil

por Thais Cardoso - publicado 03/07/2024 12:45 - última modificação 03/07/2024 12:42

Evento, realizado pela Fundação Bracell, teve participação da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira ressaltando importância de investir na formação de professores

[Texto de Marília Rocha - Assessoria de comunicação da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira]

Compartilhar evidências sobre a importância da formação inicial e continuada de professores como fator determinante de qualidade na educação infantil foi um dos objetivos da 1ª edição do Simpósio de Educação Infantil, realizado no dia 27 de junho. Promovido pela Fundação Bracell, o simpósio teve apoio da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP, e contou com a participação do titular, Mozart Neves Ramos.

“A formação de professores é algo extremamente complexo e um tema em que é muito difícil achar convergências. Felizmente, a ciência avançou muito em conhecimentos que podem nortear essas formações, apoiar os professores a compreender como os estudantes aprendem, mas o grande desafio é: como a gente forma um professor para compreender o cenário disruptivo que temos hoje?”, questionou.

Mozart participou como moderador da mesa “Formação dos profissionais da educação infantil”, ao lado de Bernadete Gatti, titular da Cátedra Alfredo Bosi do Instituto de Estudos Avançados da USP, Bárbara Born, pesquisadora do Instituto Singularidades, e da Subsecretária de Educação Infantil no Ministério da Educação do Chile, Claudia Lagos.

“O mundo muda e apresenta novas necessidades sociais para a formação de professores. Precisamos de mudanças para que os cursos e licenciaturas efetivamente formem os professores para o que eles vão ter que fazer na Educação Básica”, defendeu Bernadete. “Ainda que tivéssemos uma ótima formação inicial, deveríamos fazer a continuada porque a docência é uma profissão complexa, exige um profissional altamente qualificado, cujo desenvolvimento vai se dando ao longo da carreira, e a própria presença na sala de aula faz ele ampliar seu repertório”, complementou Bárbara Born em sua apresentação.

“Participar de processos formativos tem que ajudar esse profissional a ser capaz de combinar os conhecimentos em uma sala de aula que é sempre diferente. Na Educação Infantil, de tudo que acontece nos espaços educativos, o mais importante para o desenvolvimento da criança é a qualidade da interação que ela tem com esse adulto que media o processo da aprendizagem”, reforçou Bárbara. “De que forma a gente pode atuar sobre a capacidade desse professor de lidar com sua sala? Fazer a curadoria dos livros que vai apresentar e a maneira de trabalhar esses livros? Não é qualquer formação que funciona, não basta reunir centenas de professores para ouvir um curso em um ambiente virtual com ‘dez passos para a educação infantil a partir da neurociência’. Tem um campo de estudos na área de formação de professores que busca entender o que faz dar certo a formação continuada para realmente auxiliar o professor a transformar suas práticas. Essa literatura precisa ser considerada.”

Segundo a pesquisadora, especialmente na educação infantil é preciso auxiliar os professores a refletir sobre o currículo e sobre as experiências que ele pode desenvolver com as crianças para promover a linguagem, o pensamento investigativo e matemático, a criação de situações que despertem a curiosidade dos estudantes e que dialoguem com os interesses de cada um. A mesa contou ainda com a apresentação de uma experiência de mudanças na formação de profissionais do Chile.

Organização do evento

O Simpósio foi voltado para pesquisadores, gestores públicos das três esferas e gestores do terceiro setor, e buscou divulgar evidências sobre a urgência e a pertinência dos investimentos em educação infantil, divulgar estudos sobre o impacto desta etapa na qualidade do desenvolvimento e aprendizagem das crianças e adolescentes ao longo da trajetória escolar e na vida, além de promover a integração de esforços e a ativação do regime de colaboração a partir de três temas determinantes nas políticas públicas: alfabetização, formação de professores e parâmetros de qualidade.

A programação contou também com mesas redondas para discutir os desafios da implementação de políticas públicas de educação infantil, contando com participação da ganhadora do Prêmio Nobel de economia e co-fundadora do centro de pesquisas Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL), Esther Duflo. Além de falar sobre a realização de avaliações de impacto na etapa, ela ressaltou que o desenvolvimento de um País depende da qualidade da educação oferecida às crianças. Em parceria com a Fundação Bracell, o Centro J-PAL iniciou o mapeamento de iniciativas que melhorem a aprendizagem de crianças entre 4 e 5 anos de idade.

Representantes da Unesco, Ministério da Educação (MEC), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Conselho Nacional de Secretários de Educação de Capitais (Consec) e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), entre outros, também estiveram presentes. Carolina Belalcazar Canal, especialista em Educação no Escritório Regional da Unesco no Uruguai, apresentou a Declaração de Tashkent, que reafirma o direito de todas as crianças à educação infantil de qualidade, assim como os cuidados na primeira infância. A coordenadora geral de Educação Infantil do MEC, Rita Coelho, apresentou o processo recente de definição de parâmetros de qualidade para esta etapa no Brasil, que aguarda parecer do Conselho Nacional de Educação.

“Além de apresentar oficialmente a Fundação Bracell, queremos promover a integração de esforços de todos os atores interessados e explorar caminhos para o alcance das metas da Agenda 2030 da ONU”, explicou Eduardo de Campos Queiroz, diretor-presidente da Fundação Bracell. O evento marcou o lançamento oficial da própria fundação, entidade filantrópica sem fins lucrativos focada em primeira infância e desenvolvimento de lideranças que pretende apoiar parcerias com organizações focadas na educação infantil.

“Há um conjunto robusto de evidências comprovando que uma educação infantil de qualidade pode transformar positivamente a vida de uma pessoa, por isso trabalhamos para o fortalecimento das políticas públicas para esta etapa. Um de nossos objetivos é identificar soluções promissoras para melhorar a aprendizagem e, em conjunto com governos municipais e estaduais, buscar dar escala a estas soluções para que as crianças brasileiras alcancem o seu pleno potencial”, afirmou Eduardo.

A íntegra das apresentações pode ser acessada neste link.