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Titulares da Cátedra Olavo Setubal organizam curso sobre o protagonismo da mulher indígena

por admin - publicado 09/08/2024 13:50 - última modificação 20/08/2024 13:38

A Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência realiza, de 2 a 4 de setembro, o curso de difusão gratuito Floresta de Saberes: a Diversidade de Existências e Territórios das Mulheres Indígenas.

 

Por Lívia Uchoa (estagiária)

Florestas de Saberes

As catedráticas indígenas Arissana Pataxó, Francy Baniwa e Sandra Benites Guarani, titulares da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, são as organizadores do curso de difusão gratuito Floresta de Saberes: a Diversidade de Existências e Territórios das Mulheres Indígenas, que acontecerá no IEA nos dias 2, 3 e 4 de setembro, numa parceria com a Fundação Itaú e o Itaú Cultural

Dividido em seis aulas (manhã e tarde) coordenadas pela trinca de catedráticas, o curso reunirá lideranças, artistas e pesquisadoras para entender os principais desafios enfrentados pelas mulheres indígenas em diferentes campos de atuação.

Os interessados em participar do curso devem efetuar pré-inscrição de 12 a 16 de agosto pelo Sistema Apolo da USP. Os pré-inscritos receberão, por email, um formulário a ser preenchido de 17 a 23 de agosto. A efetivação da matrícula ocorrerá após a análise das respostas apresentadas no formulário, da vinculaçao ou não ao público-alvo e da carta de motivação. O resultado será divulgado no dia 26 de agosto.

Diversidade

Com pessoas indígenas e estudantes da USP (graduação e pós-graduação) como público-alvo, o curso tem o objetivo de contribuir para o reconhecimento da diversidade dos saberes, territórios e atuações das mulheres indígenas. A programação inclui exposições e debates sobre machismo, racismo, saúde da mulher, arte, meio ambiente e muitas outras temáticas com a perspectiva indigena.

Segundo os organizadores do curso, esse protagonismo da mulher indigena contribui para a ampliação de referências, de epistemologias e cosmogonias para além do eurocentrismo: "Ainda que o protagonismo seja de mulheres indígenas, suas contribuições não se encerram no debate sobre mulheres, uma vez que suas preocupações políticas envolvem sempre seus povos como um todo, das crianças aos mais velhos, dos jovens aos adultos, dos homens às mulheres, dos rios às florestas”.

Programação

2/set

Manhã - Aula 1: Trançando as artes: mulheres indígenas e suas expressões artísticas
Coordenadora: Arissana Pataxó

É comum que as artes indígenas não tenham uma compartimentalização rígida, uma vez que diversas linguagens artísticas se encontram nos fazeres cotidianos, nos rituais, nos processos de plantio e colheita, no cuidado das crianças e dos mais velhos. Para esta aula, as convidadas irão apresentar suas trajetórias nas diferentes expressões artísticas que as constituem.

Convidadas:

  • Graça Graúna Potiguara (RN): escritora e professora adjunta na Universidade de Pernambuco (UPE);
  • Patrícia Para Yxapy (RS): professora, roteirista, curadora e realizadora audiovisual indígena da etnia mbyá guarani;
  • Carmézia Emiliano (RR): artista plástica makuxi.

 

Tarde - Aula 2: Gestando políticas: liderança, política e movimento indígena
Coordenadora: Sandra Benites

Sinopse - No movimento indígena, há muitas formas de fazer política para além da dimensão institucional, seja a política de diálogos internos com as comunidades, seja a política de negociações com não indígenas, seja na sensibilização dos mais jovens para a luta pelo território. As convidadas foram e são referências históricas no que diz respeito à presença de mulheres indígenas nas mais diferentes formas de fazer política.

Convidadas:

  • Catarina Tupi Guarani (SP): liderança indígena, artesã e educadora formada em pedagogia pela FE-USP;
  • Beatriz Pankararu (SP): artista visual e ativista; representante da Reserva Indígena Filhos Dessa Terra, Guarulhos;
  • Eliane Potiguara (RJ): primeira autora de literatura indígena no Brasil; é doutora honoris causa pela UERJ;
  • Joziléia Kaingang (SC): geógrafa e professora; diretora do Departamento de Promoção de Políticas Indigenistas do Ministério dos Povos Indígenas.

 

3/set

Manhã - Aula 3: Redes de amparo: saúde da mulher e meio ambiente
Coordenadora: Francy Baniwa

Sinopse - O território não é apenas um espaço físico, um local específico, mas é também parte de quem nós somos. A partir da noção de corpo-território, nesta aula serão discutidas as inter-relações entre as violências sofridas pela Terra e as violências sofridas pelas mulheres indígenas, que também são parte dela. Serão também abordadas formas possíveis de cuidado e de saúde integradas, territorializadas e tradicionais.

Convidadas:

  • Kellen Kaiowá (MS): bióloga e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp);
  • Cinthia Guajajara (MA): coordenadora da Articulação das Mulheres Indígenas do Maranhão (Anima) e presidente do Conselho de Educação Escolar Indígena do Maranhão; é especialista em direitos indígenas;
  • Eufelia Tariano (AM): pesquisadora, enfermeira e especialista em saúde indígena.

 

Tarde - Aula 4: As tecituras das mulheres indígenas na universidade
Coordenadora: Francy Baniwa

Sinopse - A destruição e a exploração da Terra também têm efeitos no "ecossistema" de línguas originárias, pois com a continuidade da invasão dos territórios indígenas e com o aumento do racismo religioso, o direito ao território, ao modo de vida e ao falar da língua também se vê profundamente afetado. Na linha de frente da revitalização e do reflorestamento de línguas indígenas, mulheres de diferentes povos têm participado de iniciativas coletivas de fortalecimento e, nesta aula, serão apresentadas algumas delas.

Convidadas:

  • Rutian Pataxó (BA): graduada em economia pela UFBA, com especialização em direitos humanos pela mesma universidade; mestranda em estudos étnicos e africanos também pela UFBA; ouvidora-adjunta da Defensoria Pública da Bahia;
  • Márcia Mura (AM): escritora, articuladora política e cultural, educadora, percorre o território mura e outros lugares com a pedagogia da afirmação indígena; doutora em história social pela USP e aprendiz dos saberes dos mais velhos;
  • Jera Guarani (SP): liderança indígena comunitária na aldeia guarani mbya Kalipety, São Paulo.

 

4/set

Manhã - Aula 5: Ecossistema de línguas indígenas
Coordenadora: Arissana Pataxó

Sinopse - A presença de mulheres indígenas na universidade é acompanhada de uma série de entraves, uma vez que sua permanência, objetiva e subjetivamente, nem sempre é amparada institucionalmente. Para povos em que a coletividade é fundamental, separar mães de suas crianças ou não propiciar condições para que estejam juntas, por exemplo, pode ser um fato de "expulsão" indireta. Além disso, os currículos e as ementas dos cursos raramente contemplam perspectivas de mundo para além da eurocêntrica. Sobre estes e outros embates, as convidadas compartilharão suas vivências.

Convidadas:

  • Altaci Corrêa Rubim/Tataiya Kokama (AM): pesquisadora e ativista, doutora em linguística pela UnB; primeira professora indígena a ingressar no corpo docente da UnB;
  • Sueli Maxakali (MG): professora, cineasta e liderança indígena;
  • Anari Pataxó (BA): membro do Grupo de Pesquisadores Pataxó Atxohã.

 

 

Tarde - Aula 6: Nossos caminhos: finalização do curso
Coordenadoras: Sandra Benites, Francy Baniwa e Arissana Pataxó

Sinopse - Neste momento de finalização e partilhas coletivas, haverá também a apresentação de relatos críticos feitos por estudantes de pós-graduação, que trarão suas impressões, elaborações e considerações sobre o ciclo.

Foto: Leonor Calasans/IEA-USP