União Pró-Vacina produz material sobre como lidar com o negacionismo científico
“Negacionistas científicos” parece um termo para descrever figuras distantes de nosso cotidiano, quase de um outro mundo. Mas essas pessoas que rejeitam conceitos provados pela ciência - muitas vezes há séculos - estão mais próximos do que imaginamos. Seja na convivência dos amigos, no grupo de WhatsApp da família e até mesmo entre autoridades, eles se fazem cada vez mais presentes em nosso dia a dia. Afinal, é possível estabelecer um diálogo saudável com quem prefere fechar os olhos para o que é seguro em detrimento de ideologias pessoais e conspiracionistas?
A União Pró-Vacina, por meio de um de seus integrantes, o grupo de divulgação científica da USP Ribeirão Preto Vidya Academics, mostra que sim. Eles criaram um material para mídias digitais com o objetivo de ajudar quem está disposto a se aventurar nessa desafiadora tarefa.
O conteúdo do guia
O foco do material é o movimento antivacina, mas boa parte das dicas pode ser aproveitada para qualquer outro tópico, desde a pandemia de covid-19 até o aquecimento global. São oito artes para redes sociais que abordam como lidar com debatedores negacionistas, os principais comportamentos e estratégias que podem ser adotados e ainda dá dicas de como rebater argumentos mais frequentes usados pelos negacionistas.
Os tópicos foram reunidos a partir de um guia em inglês de boas práticas para responder pessoas que são contra vacinas em público, criado pela Organização Mundial da Saúde. Também foram utilizados como fontes artigos publicados nos periódicos Open Forum Infectious Diseases e Nature e na revista Questão de Ciência.
O material oferece ainda links para munir o debatedor com evidências científicas contra as idéias falsas defendidas pelos negacionistas. Entre eles, outro material criado pela União Pró-Vacina, um manual que responde às principais dúvidas, fake news e teorias conspiratórias envolvendo vacinas tradicionais e vacinas contra a covid-19.
Lições contra o movimento antivacina
O material destaca que existem três tipos de adeptos ao movimento antivacina: aqueles que rejeitam totalmente as vacinas e seguem convictos de sua opinião, mas que representam apenas uma minoria; os antivacina abertos, que acreditam nas teorias da conspiração, mas são mais propensos ao debate; e os indecisos, que aceitam a maioria das vacinas, porém ainda têm problemas com algumas.
Segundo a União Pró-Vacina, disponibilizar um material como este em português, de forma acessível nas mídias digitais, amplia as estratégias de discussão e disseminação de informações corretas sobre vacinas. “Como as informações corretas não chegam de forma orgânica, devido à politização do tema e ao crescimento de conteúdo antivacinas - e outros movimentos negacionistas -, é necessário que a comunidade científica saiba tomar espaço na discussão pública. Vale ressaltar que se abster do debate e ignorar questões relacionadas, especialmente quando se é cientista ou se reconhece os benefícios da ciência, não é o melhor caminho”, explica o estudante do curso de Farmácia da USP Ribeirão e integrante da União Pro-Vacina Wasim Syed.
Sobre a UPVacina
A União Pró-Vacina é uma iniciativa organizada pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) Polo Ribeirão Preto da USP em parceria com o Centro de Terapia Celular (CTC), o Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID), os projetos de divulgação científica Ilha do Conhecimento e Vidya Academics, e o Gaming Club da FEA-RP.
O objetivo é unir instituições acadêmicas e de pesquisa, poder público, institutos e órgãos da sociedade civil para combater a desinformação sobre vacinas, planejando e coordenando atividades conjuntas que exploram as potencialidades de cada instituição participante.
Entre as ações estão: colaboração para elaboração e melhoria de políticas públicas; produção de material informativo; intervenções em escolas, espaços públicos e centros de saúde; eventos expositivos; combate às informações falsas e desenvolvimento de games.
Mais informações: facebook.com/upvacina.