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USP Cidades Globais lança Guia para Cidades Sustentáveis voltado para candidatos a prefeito em 2020

por Letícia Martins Tanaka - publicado 30/11/2020 13:05 - última modificação 04/12/2020 13:15

O documento mapeia itens de agendas políticas de cidades brasileiras e os associa aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU
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Acesse o Guia para Cidades Sustentáveis: Eleições 2020

Assista ao vídeo de lançamento do guia

Em outubro, o Centro de Síntese USP Cidades Globais (USPCG) publicou o Guia para Cidades Sustentáveis: Eleições 2020, produzido ao longo de 2020. O documento é fruto do trabalho dos pós-doutorandos do USPCG e mapeia itens de agendas políticas das cidades brasileiras que podem ser usados para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Coordenador do USP Cidades Globais, Marcos Buckeridge, explica que a missão do programa “é aumentar a sustentabilidade urbana e assim melhorar a qualidade de vida da população nas cidades. Para isso, acreditamos que o caminho para o desenvolvimento sustentável, utilizando os objetivos da ONU, seria adequado porque as Nações Unidas usam fortemente o conhecimento científico para produzir seus documentos”.

Além de promover a sustentabilidade urbana nas agendas e ações municipais, o guia tem como objetivo fornecer à população e à imprensa uma ferramenta qualificada e acessível de cobrança da sociedade sobre a eficiência, eficácia e efetividade das propostas feitas pelos candidatos durante a campanha e após a definição das eleições.

Agenda guia para cidades
Centro da cidade de São Paulo

O diretor do IEA, Guilherme Ary Plonski acredita que “é um grande desafio estabelecer uma comunicação bilateral [entre universidade e sociedade] para que haja de fato uma co-criação mas, nesse sentido, o guia cumpre este papel. Houve escuta, produção e há uma devolutiva para a sociedade mais ampla.”, diz Plonski.

Para tratar da sustentabilidade dos municípios, o Centro de Síntese analisa o urbsistema, “que seria uma adaptação do ecossistema”, explicou Buckeridge. Segundo ele, esta teoria propõe que a cidade é um mecanismo de processamento de materiais, água e energia que, ao produzirem serviços e produtos aos cidadãos, geram resíduos. “Quanto menos energia e água o urbsistema usar e gerar menos resíduo, mais sustentável ele será”, completa.

Por meio de workshops com pesquisadores especialistas em agendas urbanas aplicadas, foram obtidos 204 itens de agenda para candidatos aos cargos de vereador e prefeito, que foram analisados por grupos de trabalho. Além disso, os pós-doutorandos estudaram as metas que compõem cada ODS para derivar o nexo de cada uma delas. O nexo é um conjunto de três temas prioritários articulados pelas metas da ONU.

Foram encontrados nove temas prioritários: educação, saneamento, saúde, mudanças climáticas, meio ambiente, mobilidade, emprego e renda, assistência social e habitação. Outros três temas perpassam todos os considerados prioritários e, por isso, foram chamados de transversais: tecnologia e inovação, diálogo com a sociedade, e legislação.

Para Arlindo Philippi Jr, vice-coordenador do USPCG, “todos os temas estão devidamente conectados pelas transversalidades, porque a participação social é obrigatória como uma grande ação permanente”.

Após identificá-los, os pesquisadores elaboraram três ações genéricas que poderiam ser feitas para atingir as metas propostas pelas ODS, as quais foram sintetizadas em um conjunto de 13 ações gerais: investir em infraestrutura, planejar, intensificar ações existentes, estimular parcerias, executar novas ações, aumentar renda, dialogar com a população, investir em pessoal, fiscalizar, gerar empregos, prevenir, consolidar propostas e aprimorar assistência.

Com essas análises, os itens de agenda passaram pela curadoria dos pesquisadores, reduzindo o número de propostas de 204 para 193. Eles usaram de quatro critérios: se relacionam com a Agenda 2030, se são obrigatórios para o município, se foram propostos por prefeitos e vereadores e se há repetição de itens em diferentes metas dos ODS.

O documento pode ser lido de duas formas: por ODS e por tema. Para cada ODS e tema prioritário, foram colocadas as propostas de agenda que funcionam como caminho para a realização do objetivo. Dentro de um tema, pode-se encontrar propostas relacionadas a mais de um ODS. Buckeridge enfatiza que os pesquisadores não elaboraram propostas para colocar no guia.“Não foi o objetivo neste curto período de tempo, o documento mostra itens de agenda. Já é possível pensar em algumas propostas, mas para embasá-las [na ciência] é preciso mais estudos”.

Professor da Escola de Engenharia de São Carlos da USP (EESC), Tadeu Malheiros comenta que o guia permite gerar eficiência aos gestores municipais: “Esse alinhamento das políticas vai essencialmente dar para os gestores maior eficiência das cidades em gerir suas infraestruturas e seus processos, na melhor distribuição dos benefícios a serem gerados, reduzindo desigualdades e problemas crônicos. Essa maior eficiência significa acelerar as mudanças positivas”.

Apresentação do Guia

O trabalho foi apresentado no dia 19 de outubro, no evento UrbanSus - Guia para Cidades Sustentáveis: Eleições 2020 realizado pelo IEA. Estiveram presentes os pós doutorandos do Centro de Síntese Fábio Bacchiegga, Thelmo Branco Filho, Gérsica da Silva e Débora Sotto; o coordenador do USPCG, Marcos Buckeridge; o vice-coordenador do Centro de Síntese, Arlindo Philippi Jr; o diretor do IEA, Guilherme Ary Plonski ; o coordenador do Grupo de Pesquisa Complexidade, Sustentabilidade e Políticas Públicas do IEA e ex-vereador de São Paulo, Ricardo Young; o professor da Escola de Engenharia de São Carlos da USP (EESC), Tadeu Fabricio Malheiros; a pesquisadora do USPCG e professora da Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP), Maria da Penha Vasconcellos; a também professora da FSP, Wanda Maria Gunther; o coordenador do Grupo de Estudos de Meio Ambiente e Sociedade do IEA, Pedro Roberto Jacobi e Wagner Costa Ribeiro, também membro do grupo. A mediação do evento foi realizada pelos jornalistas Roxane Ré, editora do Jornal da USP no Ar, e Sérgio Gomes, diretor da Oboré Projetos Especiais.

foto: Marcos Santos/Jornal da USP