A Cátedra
A Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência é fruto do esforço do IEA de inserir na Universidade um novo e mais profundo olhar para a arte, a cultura e a ciência.
Criada em 2015 e lançada oficialmente em fevereiro de 2016, tem um titular de reconhecido mérito escolhido anualmente por seu Comitê de Governança. O coordenador acadêmico é Martin Grossmann, ex-diretor do IEA e professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP.
Projeto do IEA em parceria com o Instituto Itaú Cultural, a Cátedra Olavo Setubal é um espaço para discutir e promover atividades voltadas ao universo das artes com foco na gestão cultural. Seu objetivo é fomentar reflexões interdisciplinares sobre temas acadêmicos, artístico-culturais e sociais nos âmbitos regional e global.
Com duração mínima de cinco anos, a cátedra é composta por dois programas: Redes Globais de Jovens Pesquisadores e Líderes na Arte, Cultura e Ciência. A previsão orçamentária total é de R$ 1,5 milhão, custeado pelo Itaú Cultural. Para cada programa está prevista a dotação anual de R$ 150 mil.
Antes mesmo do lançamento oficial da cátedra, parte das atividades já havia sido iniciada. A Intercontinental Academia, inaugurada em abril de 2015 com a etapa em São Paulo, está inserida no programa Redes Globais de Jovens Pesquisadores, embasado na formação de novas lideranças. Ele visa a fomentar e promover a pesquisa interdisciplinar de jovens pesquisadores de até 40 anos de idade.
O programa Líderes na Arte, Cultura e Ciência segue o padrão adotado pela Cátedra José Bonifácio, instalada na USP em 2013. A cada ano, terá como titular um expoente do mundo artístico, cultural, político, social, econômico ou acadêmico, sendo Rouanet o primeiro desses nomes. Além do titular, participam das atividades professores, pesquisadores e personalidades nacionais e internacionais. Especial atenção será dada às políticas públicas para a cultura e as artes.
A Cátedra Olavo Setubal dá continuidade ao papel central que tem o IEA na criação e gestão de cátedras dentro da Universidade. Ao longo de seus quase 30 anos, o Instituto soma 11 cátedras (oito finalizadas e duas ativas).
Olavo Setubal
Olavo Egydio Setubal (1923-2008) teve destacada atuação como empresário, banqueiro e político. Por onde passou, promoveu o acesso à cultura. Na vida pública e privada, atuou definindo caminhos para o país, com uma trajetória engajada no crescimento econômico aliado às contrapartidas sociais.Prefeito de São Paulo de 1975 a 1979, entre outros feitos, implantou a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, revitalizou a atuação oficial no movimento cultural, abriu o Theatro Municipal a espetáculos populares e reformou e recuperou importantes construções no centro da cidade, como a Biblioteca Mario de Andrade. Ainda como prefeito, teve atuação decisiva na criação do Centro Cultural São Paulo. Idealizou o Instituto Itaú Cultural, o qual fundou em 1987 e presidiu até 2001.
Titular em 2022/2023: Conceição Evaristo
Autora de romances, poesia, contos e ensaios, Conceição Evaristo graduou-se em letras na UFRJ e obteve os títulos de mestre em literatura brasileira pela PUC-RJ e doutora em literatura comparada pela UFF.
A primeira publicação foi aos 44 anos, em 1990, na série Cadernos Negros, do grupo Quilombhoje. É autora de sete livros, entre eles "Olhos D'Água (2015), vencedor do Prêmio Jabuti. Cincos dos seus livros foram traduzidos para o inglês, francês, espanhol e árabe.
Titular em 2020/2021: Néstor García Canclini
O antropólogo cultural Néstor García Canclini, um dos cientistas sociais mais influentes da América Latina, é o novo titular da cátedra a partir de 1º de setembro. O tema de seu projeto é "A Institucionalidade da Cultura no Contexto Atual de Mudanças Socioculturais".
Nascido em La Plata, Argentina, em 1939, Canclini está radicado desde 1976 no México, onde é pesquisador emérito do Sistema Nacional de Investigadores (entidade similar ao CNPq) e professor investigador do Departamento de Antropologia da Universidade Autônoma Metropolitana, unidade Iztapalapa, da Cidade do México.
Doutor em filosofia pela Universidade de La Plata e pela Universidade Paris Nanterre, Canclini já lecionou em universidades dos Estados Unidos (Austin, Duke e Stanford), Espanha (Barcelona), Argentina (La Plata e Buenos Aires), dentre outras, e também na USP. Em 2014, recebeu o Prêmio Nacional de Ciências e Artes do México.
Um dos conceitos principais de seus estudos é o de hibridação, apresentado no livro “Culturas Híbridas: Estrategias para Entrar y Salir de la Modernidad” (1990), pelo qual recebeu menção honrosa do Premio Iberoamericano Book Award da Latin American Studies Association de 1992.
Atualmente, dedica-se a pesquisas sobre relações entre estética, arte, antropologia, estratégias criativas e redes culturais dos jovens. O foco de seu trabalho é a mundialização e as mudanças culturais na América Latina, com um olhar para as mesclas entre culturas, etnias, referências midiáticas, populares e tradicionais. Também vem se dedicando a temas que interessam tanto às políticas culturais como às relações entre tecnologia e cultura.
Acesse o perfil completo de Néstor Canclini.
Titulares em 2019: Paulo Herkenhoff e Helena Nader
Paulo Herkenhoff foi diretor do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, curador-chefe no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), curador na Fundação Eva Klabin Rappaport, curador adjunto no Departamento de Pintura e Escultura do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) e diretor cultural do Museu de Arte do Rio (MAR).
Um de seus trabalhos mais famosos foi a curadoria-geral da 24ª Bienal de São Paulo, a chamada "Bienal da Antropofagia", ocorrida em 1998. Também merece destaque sua curadoria do pavilhão brasileiro na 47ª Bienal de Veneza, em 1997.
No MoMA, em 2002, ele teve três meses para organizar a exposição "Tempo", na qual artistas de diversos países trataram das percepções fenomenológicas e ficcionais de aspectos temporais. A mostra foi apontada pelo jornal "The New York Times" como referência para os rumos a serem tomados pelo museu.
A produção bibliográfica de Herkenhoff inclui obras sobre vários artistas brasileiros, coleções, produção artística em períodos históricos e arte contemporânea no Brasil e na América Latina.
Helena Nader é professora titular de biologia molecular na Unifesp, atividade que tem aliado à atuação como administradora acadêmica, dirigente de entidades científicas e assessora de agências de apoio à pesquisa.
Graduada em ciências biomédicas na Unifesp, fez licenciatura em biologia na USP. Realizou pesquisa de pós-doutorado na Universidade do Sul da Califórnia, EUA. É bolsista de produtividade do CNPq (nível 1A), membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e participa da Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência nos Países em Desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês).
Ela é assessora de diversos periódicos nacionais e internacionais e foi pesquisadora visitante nos Estados Unidos (Escola de Medicina Loyola, em Chicago, e Centro de Ciência Celular William Alton Jones, em Lake Placid) e na Itália (Instituto de Pesquisa Química e Bioquímica Giacomo Ronzoni, em Milão, e Laboratórios de Pesquisa da Opocrin, em Modena).
Os focos principais de suas pesquisas são glicobiologia e biologia celular e molecular de proteoglicanos, em especial de heparina e heparam sulfato. Seus trabalhos estão relacionados com o envolvimento desses compostos na hemostasia, no controle da divisão celular e na transformação celular.
Helena foi presidente por três mandatos (2011 a 2017) da SBPC, presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), pró-reitora de Graduação e pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Unifesp, coordenadora do Comitê de Assessoramento em Biofísica, Farmacologia, Fisiologia e Neurociências (CABF) do CNPq, coordenadora adjunta da Área de Avaliação Biológicas II da Capes e membro da Coordenação de Biologia da Fapesp.
Entre as honrarias que recebeu estão a Ordem Nacional do Mérito Científico (na classe Comendador, em 2002, e na classe Grã-Cruz, em 2008), a Medalha Mérito Tamandaré da Marinha do Brasil, em 2013, e o Prêmio Scopus 2007, concedido pela Elsevier e Capes.
Acesse os perfis completos de Paulo e Helena.
Titular 2018: Eliana Sousa Silva
Ativista social, cultural e educacional, Eliana Sousa Silva é diretora fundadora da Redes da Maré, entidade que reúne mais de 20 projetos vinculados a cinco eixos de atuação: Desenvolvimento Territorial; Educação; Arte e Cultura; Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça; Identidades, Memória e Comunicação.
Nordestina, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família aos sete anos de idade, em 1969, quando se fixaram na favela Nova Holanda, na Maré. Lá, atuou como agente comunitário e criou a Associação de Moradores da Nova Holanda. Em 1997, Eliane e outros moradores da Maré iniciaram o processo que levaria à criação da organização não governamental Redes de Desenvolvimento da Maré, formalizada em 2007 com o nome Redes da Maré.
Eliana graduou-se em letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e obteve os títulos de mestre em educação e doutora em serviço social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Realizou pesquisa de pós-doutorado no Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais (SSRC, na sigla em inglês), nos Estados Unidos. Na UFRJ, ela também coordenou o curso de pós-graduação em segurança pública, destinados aos profissionais da área e dirigiu e ainda integra a equipe da Divisão de Integração Universidade Comunidade da UFRJ.
Acesse o perfil completo de Eliana Sousa Silva.
Titular 2017: Ricardo Ohtake
Membro de uma das famílias mais importantes para a arte e a arquitetura do país, é filho da artista plástica Tomie Ohtake (1913-2015) e irmão do também arquiteto Ruy Ohtake.
Ricardo Ohtake é formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e designer gráfico consagrado. Dirige o Instituto Tomie Ohtake desde sua criação, em 2001. Atualmente integra o Conselho Deliberativo do IEA. Também preside a Associação Brasileira de Entidades Culturais Não Lucrativas (Anec) e participa do projeto de sua família para a transformação da casa de Tomie Ohtake, no bairro Campo Belo, em São Paulo, num centro cultural dedicado às artes plásticas.
Ele foi secretário da Cultura do Estado de São Paulo, secretário do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo e diretor do Centro Cultural São Paulo, do Museu da Imagem e do Som e da Cinemateca Brasileira. Deu aula em diversas faculdades de arquitetura, comunicações e artes plásticas e foi curador da participação brasileira na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2010.
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Titular 2016: Sergio Paulo Rouanet
Secretário nacional de Cultura (1991-1992) e diplomata de carreira, foi embaixador do Brasil na Dinamarca e na República Tcheca. É o oitavo ocupante da Cadeira nº 13 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 23 de abril de 1992. Foi professor visitante na pós-graduação em sociologia da Universidade de Brasília (UnB), professor do Instituto Rio Branco e professor visitante da University of Oxford, no Reino Unido.
É graduado em ciências jurídicas e sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com pós-graduação em economia pela George Washington University, em ciências políticas pela Georgetown University, e em filosofia pela New York School for Social Research, as três nos Estados Unidos. Na USP, fez o doutorado em ciência política.
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