Cartografia de Direitos Humanos de São Paulo
Muitos dos direitos atuais são resultados de manifestações e intervenções da população pelas ruas das cidades brasileiras. As lutas pelo reconhecimento e efetivação da igualdade de raça, sexo, gênero; o movimento antimanicomial; a luta pelas diretas; a resistência às ditaduras; a luta pela moradia, pela livre expressão, entre outras, deixaram suas marcas na cidade de São Paulo. No entanto, poucas pessoas conhecem essas histórias e, como consequência, acreditam que os direitos humanos são fruto de mera benesse do Estado.
O projeto Cartografia de Direitos Humanos de São Paulo nasceu da preocupação em encontrar
uma forma de abordar as questões relacionadas a direitos humanos que fosse capaz de sensibilizar a sociedade e atrair sua atenção para o tema. A partir de experiências internacionais bem-sucedidas, como o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, em Santiago, no Chile, ou o programa Visualizing Human Rights, da Universidade da Carolina do Norte, procurou-se abordar a questão dos direitos humanos de forma mais “atraente”, recorrendo a diferentes áreas do conhecimento, como história, urbanismo, sociologia, ciência política, publicidade, jornalismo, e distintas expressões artísticas, como fotografia, dança, poesia/literatura, artes gráficas e artes plásticas.
O projeto foi idealizado e coordenado por Rossana Rocha Reis, membro do conselho da Cátedra Unesco de Educação para a Paz, Direitos Humanos Democracia e Tolerância – sediada no Instituto de Estudos Avançados – e docente do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP.
Realizações
Para promover o resgate histórico, o projeto selecionou os lugares, em São Paulo, que sediaram as lutas e conquistas pelos direitos humanos. Para cada um dos marcos selecionados, foram produzidos textos de referência, coletadas fotografias e colhidos depoimentos com jornalistas, militantes sociais e ativistas que vivenciaram a prática dos direitos humanos em São Paulo.
Combinando o conhecimento da história e da geografia da cidade com a arte, as ciências sociais e a utilização de novas mídias, todo o material produzido deu origem à plataforma digital Cartografia de Direitos Humanos de São Paulo, que georreferencia os marcos e apresenta roteiros de visitação por região e por tema. O sistema permite, também, que novos marcos sejam adicionados e, assim, abranja um número ainda maior de conquistas.
Na primeira fase do projeto, os marcos selecionados foram: a Marcha das Vadias, o Movimento Negro Unificado, a CUT (Central Única dos Trabalhadores), as Greves de Osasco, a Parada LGBT, a Comissão Justiça e Paz, a UNEafro, o Massacre do Carandiru, a Batalha da Maria Antônia, a União de Mulheres de São Paulo, o Jornal Brasil Mulher, as Terras Indígenas Tenondé Porã, a Oboré, o Ato Ecumênico de 1975 em homenagem à Vladimir Herzog, a exposição do MPF (Re) Conhecer... Para Nunca Esquecer!, o NEV (Núcleo de Estudos da Violência), as Jornadas de Junho de 2013, o MMC (Movimento de Moradia do Centro), a Praça Kantuta e a Marcha dos Imigrantes, o Sarau do Binho e o Comício das Diretas no Vale do Anhangabaú nos anos 1980.
Ao longo do ano, o projeto também realizou algumas atividades acadêmico-culturais com o objetivo de estimular a sociedade a entender o significado dos direitos humanos. Mostras, oficinas, workshops e mesas-redondas promoveram o diálogo e a reflexão por meio do grafite, da fotografia, literatura, dança e artes plásticas. Confira no box as atividades realizadas.
Parcerias e Apoios
O projeto foi contemplado no Edital 2013 da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária e contou com as parcerias do Centro Universitário Maria Antonia e do Ministério Público Federal - Procuradoria Regional da República - 3ª Região. A gravação dos depoimentos foi realizada com o apoio da TV Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), e a identidade visual foi desenvolvida pela turma 2012 de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicações e Artes da USP, sob a orientação do prof. Dorinho Bastos.
Também apoiaram as atividades a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Centro de Estudos Hannah Arendt, Comissão da Verdade do Estado de São Paulo - Rubens Paiva, Departamento de Ciência Política - FFLCH-USP e Programa de Pós-Graduação em Ciência Política - USP.
Equipe
Coordenação geral: Rossana Rocha Reis
Coordenação-executiva: Rafael Borsanelli
Conteúdo: Amanda Kamanchek
Curadoria: André Bueno e Carolina Brandão
Equipe: Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, Dina Lida Kinoshita, Fernando Aith, Flávia Inês Schilling, Gustavo Augusto Soares dos Reis, José Gregori, Paulo Cesar Endo, Sergio Adorno (membros da Cátedra Unesco de Educação para a Paz, Direitos Humanos Democracia e Tolerância); Martin Grossmann (diretor do Instituto de Estudos Avançados); Moacyr Ayres Novaes (Pró-Reitor Adjunto de Extensão Universitária).
Equipe Casa da Árvore: Gabrielle Bonato Parra, Gustavo Faggiani, Jonny Cesar Florencio Manuel, Marina Keunecke, Nathalia Santos Andrijic, Rhuan de Oliveira Pereira, Rodrigo Piloto Moreti e Dorinho Bastos (orientador).