Grupo de Estudos de Saúde da Mulher
Texto de Mauro Bellesa
A discussão de estratégias que mitiguem as diversas condições que afetam a saúde e a qualidade de vida das mulheres agora conta com um novo fórum, o Grupo de Estudos de Saúde da Mulher, criado em março no IEA. O grupo pretende planejar e implantar um observatório destinado ao mapeamento e tratamento de dados multidisciplinares que possam apoiar a tomada de decisões por gestores dos setores público e privado e do terceiro setor.
Segundo os proponentes do grupo, o Observatório de Saúde da Mulher “favorecerá a construção de um plano para realizar a cartografia da saúde da mulher em suas várias facetas, criando elos robustos com a sociedade, embasados em dados qualificados para a elaboração de políticas públicas”. Para tanto, a abordagem interdisciplinar deve contar com a participação de pesquisadores das áreas da saúde, engenharia, humanidades e ciências exatas e sociais.
A meta é a compreensão da saúde da mulher em seu macrocontexto, abrangendo de forma integrada seus aspectos físicos, mentais, socioculturais e econômicos e levando em conta a agenda de debates em torno da igualdade e oportunidades em políticas de gêneros.
Para esse fim, o observatório será estruturado em 11 eixos temáticos:
- Saúde da Mulher à Flor da Pele – A Interface com a Dermatologia;
- Observatório de Saúde Bucal da Mulher
- Observatório da Saúde Mental da Mulher;
- Oncologia e a Saúde da Mulher;
- O Coração e a Saúde da Mulher;
- Saúde da Mulher Trans;
- Saúde da Mulher, Estilo de Vida e Bem-Estar;
- Violência Sexual e Doméstica;
- A Sexualidade nas Fases da Evolução Biológica da Mulher;
- Meio Ambiente e As suas Interfaces com a Saúde da Mulher;
- Saúde da Mulher e Arte (com a participação do grupo teatral de contação de estórias As Clês e do artista plástico James Kudo).
Além da criação do Observatório de Saúde da Mulher, os outros objetivos principais do grupo são:
- fornecer métodos de acesso fácil a informações baseadas em evidências, bem como promover campanhas preventivas sobre conscientização de saúde e seus impactos;
- disseminar para o público em geral a importância da condição de mulher saudável como requisito para sua plena participação em todos os âmbitos da sociedade e impacto positivo em sua qualidade de vida, com ênfase na eliminação de estigmas, tabus e leque de preconceitos que perpetuam as inequidades de gênero;
- apoiar a causa da mulher no climatério, promovendo a popularização de estudos científicos como ferramenta imprescindível aos processos de discernimento e conscientização sobre os aspectos ligados à essa condição;
- propiciar capacitações técnicas e/ou científicas em saúde da mulher nas modalidades presencial e a distância (teleorientação e telemonitoramento);
- promover articulações diretas com outros grupos do Instituto, como o de Espaço Urbano e Saúde e o grupo de trabalho em gênero do Observatório de Políticas Públicas (parceria entre o IEA e o Tribunal de Contas do Município de São Paulo), e com organizações não governamentais.
- interagir com os formuladores e gestores de políticas públicas e/ou privadas no Brasil e no exterior, especialmente com a Organização Mundial da Saúde e a Organização Panamericana de Saúde, de forma a colaborar com a construção e disseminação de conhecimento científico com impacto em políticas de forma universal, equânime, descentralizada e permanente.
O grupo conta o apoio da Frente Parlamentar da Saúde Bucal da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), do hospital e centro de pesquisa A.C. Camargo Cancer Center e de organizações não governamentais, como o Instituto Um Novo Olhar, dedicado ao tratamento médico gratuito a mulheres vítimas de violência doméstica.
Os trabalhos resultarão em diagnósticos por meio de discussões sobre as demandas oriundas das deficiências atuais que venham a ser detectadas pelo observatório. As análises críticas serão resultado de dinâmicas de grupo e estudos de desempenho. As atividades educacionais, teóricas e práticas, compreenderão aulas, palestras, workshops, e seminários, nos níveis de graduação, pós-graduação e extensão.
As atividades demandarão também a criação e produção de material iconográfico para aplicações em: treinamento de recursos humanos; disponibilização de conteúdos multimídia, inclusive via redes socais; biblioteca digital; e intercâmbio com outras instituições via videoaula, videoconferências, webinars e live webcasts.
A projeto do grupo está lastreada em dois Projetos Temáticos Fapesp. Um deles, sobre efeitos extrarreprodutivos da melatonina sobre o sistema genital e mamário, é coordenado por José Maria Soares Junior, professor associado do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina (FM) da USP. O outro está sendo analisado pela fundação e tem como coordenadora Silvia Vanessa Lourenço, professora associada do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia (FO) da USP. Os dois são coordenadores adjuntos do novo grupo, que tem como coordenador Edmund Chada Baracat, professor titular do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da FM-USP.
Os membros permanentes do grupo são de diversos departamentos, Hospital das Clínicas e Instituto do Coração (Incor) da FM-USP, da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Faculdade de Odontologia (FO), da Supervisão Técnica de Saúde Lapa-Pinheiros da Prefeitura de São Paulo, do A.C. Camargo Cancer Center e do Instituto Um Novo Olhar.
Também integram o grupo nove pesquisadores colaborados da FM-USP, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Escola Politécnica, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, do Instituto de Matemática e Estatística e do Instituto de Ciências Biomédicas.
Os trabalhos do grupo deverão resultar em artigos científicos e técnicos, guias para profissionais de educação, saúde e público geral, matérias jornalísticas, boletins para a Rádio USP e eventos diversos, além de publicações no Projeto Salivando e podcasts no site Menopausando e construção do Portal Menstruando.
Outros resultados esperados são a preparação de projetos de pós-graduação (mestrado, doutorado e mestrado profissionalizante), ações educativas sobre saúde da mulher nas várias esferas sociais, elaboração de projetos de cursos de extensão e estudos de viabilidade (subprojetos a serem propostos pelos pesquisadores para obtenção de fomento.
É prevista ainda a produção de um livro com depoimentos de mulheres e ilustrado com trabalhos produzidos por elas em encontro no Centro de Preservação Cultura Casa da Dona Yayá, da USP, sob a orientação do artista plástico James Kudo).
Fotos (a partir do alto): Garry Knight/Flickr; Governo do Distrito Federal