Participantes em 2022
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Antonio Mauro Saraiva (EP), com o projeto "Articulação e Estruturação de uma Aliança de Saúde Planetária – Brasil, a partir do Grupo de Estudos em Saúde Planetária do IEA". Período: 1 ano. Os objetivos do projeto estão relacionados à evolução da gestão do Grupo de Estudos em Saúde Planetária, coordenado por Saraiva. A proposta é transformá-lo num grupo de abrangência nacional, com novos modelos de governança, organização e vinculação. A intenção é estabelecer ou consolidar programas e grupos de trabalho cobrindo temas da saúde planetária, nos quais as atividades de pesquisa, difusão, educação e comunicação estarão concentradas. Com isso, ele espera alavancar o potencial do grupo e contribuir para as mudanças requeridas na sociedade para salvaguardar a saúde e o bem-estar humanos e dos sistemas naturais. Na justificativa do projeto, Saraiva destaca que a saúde planetária é "um novo esforço para tratar a questão da sustentabilidade e da vida humana no planeta sob ótica cada vez mais integrativa, transdisciplinar e global, já que os problemas da crise planetária transpassam fronteiras geopolítica, delimitações acadêmicas e afetam a humanidade como um todo". Como se trata de um plano voltado para alavancar o grupo, os impactos previstos refletem essa abordagem. Eles incluem:
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Esmeralda Vailati Negrão (FFLCH), com o projeto "Linguística e a Emergência de Novas Línguas: A Emergência do Português Brasileiro como uma Língua Colonial". Período: 1 ano. O primeiro objetivo geral é evidenciar como traços linguísticos que integram o pool de traços formado pelas línguas em contato no Brasil colônia são, pelos processos de competição e seleção, recombinados em um sistema coerente na nova língua emergente, o português brasileiro. No caso desta pesquisa serão analisadas propriedades informacionais relacionadas à interface sintaxe-semântica/discurso, tais como tópico, foco e interrogativas de constituintes, tomadas como integrantes do pool de traços formado a partir de línguas presentes no contexto de contato multilíngue, neste caso o português, as línguas bantu e as línguas gbe. Contribuem para este primeiro objetivo geral, três objetivos específicos:
O segundo objetivo geral é revelar as hipóteses que os falantes desenvolvem no processo de aquisição das línguas em uso no contexto multilíngue. Para este objetivo, Esmeralda considera de extrema valia o manuscrito "Obra Nova de Lingoa Geral de Mina" (1731-1741), escrito por António da Costa Peixoto e publicado como um guia de conversação de uma das línguas faladas por escravos africanos trabalhando nas minas do Brasil, pois nele está documentada uma língua africana, provavelmente uma variante de línguas gbe, falada no Brasil colonial. O interessante, segundo a pesquisadora, é que o documento traz a tradução de Peixoto de cada um dos dados documentados para o português. "Uma análise rigorosa, tanto da língua africana documentada, quanto da tradução para o português certamente revelará as interpretações feitas pelo documentador sobre os dados". |
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Janina Onuki (IRI), com o projeto "Igualdade de Gênero em Cooperação Internacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – Um Estudo de Caso sobre o Brasil". Período: 1 ano. O objetivo central do projeto é discutir o desafio de igualdade de gênero em ciência, tecnologia e inovação (CT&I) no âmbito brasileiro, unindo os temas de cooperação internacional e perspectiva de gênero com o tema de desenvolvimento da ciência, através da análise da perspectiva de gênero nos acordos de cooperação internacional de CT&I, tanto bilaterais como multilaterais. De acordo com Janine, a perspectiva de gênero e a cooperação internacional em CT&I são temas transversais ao desenvolvimento socioeconômico na atualidade. "São duas as questões de pesquisa a serem investigadas: a participação de mulheres nas negociações dos acordos e como as questões de gênero são abordadas no conteúdo dos acordos." Além disso, a pesquisadora ressalta a necessidade de aprofundar a análise para discutir os mecanismos institucionais que poderiam levar ao equilíbrio de gênero nos processos de negociação internacional em C&T. Apesar do foco no caso brasileiro, o projeto está inserido num projeto maior com perspectiva comparada intitulado Gender Equality in Science, Technology and Innovation – Bilateral and Multilateral Dialogues – Gender STI, que reúne 18 instituições de 16 países e já conta com financiamento do Programa Horizon 2020 da União Europeia e da Fapesp. Janine comenta que as mudanças globais das últimas décadas abriram espaço para a discussão de novas temáticas e a inclusão de novos atores sociais nos estudos das relações internacionais e da análise de política externa. Ações de política externa, não mais restritas à definição baseada no interesse geral do Estado, mas da combinação de diversos interesses e da influência de fatores internacionais, passaram a constituir um desafio para o processo decisório de países como o Brasil" que se tornou "mais complexo e várias outras burocracias governamentais e atores passaram a fazer parte deste sistema", afirma. Nesse contexto, uma das áreas que mais tem se destacado no campo internacional e se tornado um desafio - intensificado pela pandemia de Covid-19 - na agenda dos países em desenvolvimento é a de CT&I, avalia Janine. Com isso, "ganha espaço na agenda de política externa e de colaborações internacionais o papel das instituições de pesquisa, produtoras de CTI, e a articulação com setores empresariais." |
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Julio Roberto Groppa Aquino (FE), com o projeto "Educação no Horizonte Pós-Pandêmico: Contributos para a Construção de Pautas Investigativas e Práticas". Período: 1 ano. O estudo é uma imersão exploratória na discursividade acerca da pandemia de Covid-19 e suas repercussões no campo educacional, explica Aquino. O objetivo é "oferecer subsídios para as iniciativas investigativas e/ou práticas que se adivinham no horizonte próximo". Mais especificamente, a intenção é "perspectivar uma série de temáticas emergentes no que se refere ao porvir educacional, a partir das interpelações dirigidas ao campo após o advento da pandemia". Para tanto, Aquino utilizará como fonte documental a produção investigativa brasileira sobre o tema no período de 2020 e 2021, consubstanciada em 131 periódicos ligados a programas de pós-graduação stricto sensu e a outros órgãos da área, bem como em produções significativas de outras áreas convergentes a ela. "Em termos teórico-metodológicos, o estudo vale-se da noção-chave de arquivo, calcada nas proposições de Michel Foucault e de alguns de seus interlocutores, em diálogo com noções operacionais oriundas de outros campos do saber, de modo a viabilizar um approach interdisciplinar do acontecimento sob análise", afirma o pesquisador. Ele pretende oferecer um quadro analítico extensivo das implicações da pandemia nos âmbitos investigativo e/ou prático da educação brasileira, na forma final de um atlas da educação no horizonte pós-pandêmico, "baseado nas inflexões do ideário educacional desencadeadas ou demandadas pela crise sanitária". Desse plano geral, derivam três objetivos específicos, explica Aquino:
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Leoberto Costa Tavares (FCF), com o projeto "Determinantes da Dependência Brasileira de Fármacos Importados - Prospecção dos Aspectos Políticos, Tecnológicos e Industriais". Período: 1 ano. Em sua pesquisa, Tavares vai prospectar os gargalos políticos, tecnológicos e industriais que limitam o desenvolvimento da indústria químico-farmacêutica no Brasil. A intenção é "abrir a discussão sobre o tema e, na medida do possível, incentivar a proposição de uma política governamental que possa levar ao desenvolvimento da produção industrial de fármacos e de seus insumos". O pesquisador explica que o setor industrial farmacêutico brasileiro, além de ser responsável por uma parcela bastante significativa do Produto Interno Bruto (PIB), movimentando cerca de R$ 80 bilhões em 2020, consegue atender à demanda de medicamentos necessários à população brasileira. No entanto, a produção "depende quase que integralmente da importação dos ingredientes farmacêuticos ativos (IFA) da China e da Índia principalmente e, em menor extensão, dos Estados Unidos, da Alemanha, da Suíça e de outros países desenvolvidos". Diante deste cenário e considerando que a autonomia na produção de fármacos e medicamentos "deve ser entendida como um aspecto de segurança nacional, a prospecção dos determinantes políticos, tecnológicos e industriais da dependência brasileira quase total da importação de fármacos deve ser evidenciada, buscando, com isso, sensibilizar os setores envolvidos, no sentido de tentar reverter o status quo a médio e longo prazo, através do estabelecimento de políticas governamentais. É nesse sentido, diz Tavares, que se coloca a importância da identificação e discussão dos determinantes da dependência brasileira da importação de fármacos, visando a possibilidade de alertar a sociedade e o setor governamental para que se estabeleçam políticas capazes de essa situação, que coloca o país e sua população em posição de alta vulnerabilidade. A abordagem do aspecto político dessa temática "é pouco discutida, mas absolutamente necessária, na medida em que possa influenciar favoravelmente na formulação e estabelecimento de uma política de governo que possa reverter a situação atual e incentivar a obtenção industrial de fármacos em território nacional", afirma o pesquisador. |
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Vagner Carvalheiro Porto (MAE), com o projeto "Contatos Culturais na Judaea-Palaestina da Época Romana: Estudos da Malha Urbana e da Circulação Monetária em Tel Dor, Israel". Período: 1 ano. O projeto de pesquisa de Porto visa o aprofundamento dos conhecimentos a respeito dos mecanismos de contato cultural e dos processos de transformação urbana no norte de Israel no período romano, especificamente na área do sítio arqueológico correspondente à antiga cidade Tel Dor, no litoral de Israel, cerca de 30 quilômetros ao sul de Haifa. A intenção é compreender melhor a presença romana na região da Judaea-Palaestina a partir de reflexões sobre "como os romanos tencionaram impor suas concepções de urbanismo na porção Leste do Império, além de verificar como as populações locais receberam tais concepções, emulando-as e adaptando-as às suas realidades". Para entender questões de urbanidade do período, o pesquisador pretende "plotar as moedas e, a partir da criação de mapas, buscar associá-las aos locais de achado, compreendendo melhor a circulação monetária na cidade na época romana". Dessa forma, ele pretende compreender melhor o nível de monetização da sociedade naquele período e, eventualmente, jogar luz sobre possíveis interpretações de uso dos espaços nos quais as moedas foram encontradas. A investigação será feita por meio do levantamento dos dados arqueológicos/numismáticos disponíveis nos relatórios de escavação e na bibliografia existente. Uma vez que a pesquisa em Tel Dor é feita em efetiva parceria científica, que interfere diretamente no planejamento e destinos gerais do projeto, Porto procura desde o início e cada vez mais a interdisciplinaridade e o desenvolvimento de parcerias relacionadas com exploração arqueológica e à interpretação urbanística da cidade romana, "à luz das análises numismáticas no contexto dos contatos culturais e dos processos de transformação do Mediterrâneo na época romana". Outro objetivo é compatibilizar as metodologias empregadas na pesquisa. A razão disso é contribuir com o desenvolvimento científico relacionado com as temáticas de fundo do Laboratório de Arqueologia Romana Provincial (Larp) - coordenado por Porto - é a comunicação do conhecimento produzido ao público acadêmico e geral. |