Seminário debate promoção da igualdade na escola pública e sua autonomia
O professor Igor Mascarenhas, de Fortaleza (CE), em protesto contra a lei alagoana baseada no Programa Escola sem Partido |
As políticas públicas de educação para a promoção da igualdade e a noção de autonomia da escola pública serão analisadas no seminário Escola sem Partido ou sem Autonomia? O Princípio da Igualdade em Questão, nos dias 27 a 29 de setembro, das 14h30 às 22h (com variações a cada dia), na Antiga Sala do Conselho Universitário da USP.
Organizado pelo Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Democracia, Política e Memória, o evento terá mesas sobre temas que têm sido objeto de polêmica, como educação e gênero, educação e igualdade racial e presença da história e da cultura indígena no currículo escolar. Os debatedores serão intelectuais, gestores públicos e professores da rede pública de educação básica.
Para assistir ao seminário presencialmente é preciso efetuar inscrição prévia. Quem não puder comparecer poderá acompanhar a transmissão ao vivo pela internet.
Polêmica
Para o grupo do IEA, a promoção da igualdade e a autonomia das escolas estão sendo ameaçadas por iniciativas como o movimento Escola sem Partido e recentes anteprojetos e projetos de lei que cerceiam a liberdade da escola na escolha dos conteúdos e métodos de ensino.
O movimento Escola sem Partido diz em seu site que tem por objetivo "dar visibilidade a um problema gravíssimo que atinge a imensa maioria das escolas e universidades brasileiras: a instrumentalização do ensino para fins políticos, ideológicos e partidários". Alega que sua proposta de projeto de lei apenas prevê a fixação de um cartaz sobre os "deveres do professor" em todas as salas de aulas do ensino fundamental e médio do país, deveres que estariam lastreados pela Constituição e pela Convenção Americana de Direitos Humanos, segundo o movimento.
Vereadores, deputados estaduais e federais e senadores têm apresentado projetos de lei baseados no Programa Escola sem Partido. No final de julho, as assembleias legislativas de nove estados e do Distrito Federal, a Câmara dos Deputados e o Senado tinham projetos de lei em tramitação.
Alagoas foi o primeiro estado a aprovar uma lei baseada no programa, mas a constitucionalidade da medida está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal (STF). Na Assembleia Legislativa de São Paulo tramita o Projeto de Lei 655/15, que será analisado no primeiro dia do seminário.
Reação
Em resposta a essas iniciativas legislativas e ao movimento que as originou, um grupo de intelectuais da área da educação (com a participação de integrantes do grupo de pesquisa do IEA) apresentou à organização Fórum 21 um documento onde propõe uma campanha chamada Escola sem Censura.
No documento, o grupo diz que "o Projeto de Lei 665/15 e seus correlatos em âmbito nacional, ainda que apresentem como justificativa a preocupação com a garantia da pluralidade de visões na escola, são marcados por equívocos conceituais e por um completo desconhecimento de quão ricas e complexas são as dinâmicas das instituições educacionais". Em sua opinião, tais iniciativas representam "uma ameaça à educação brasileira e, no longo prazo, à democracia".
Os intelectuais consideram que os anteprojetos e projetos de lei baseados no movimento Escola sem Partido "recaem exatamente naquilo que alegam combater: um proselitismo político, ideologicamente orientado", pois implicam:
- a judicialização da relações escolares quando propõem a terceirização do arbítrio sobre elas;
- o cerceamento da autonomia da escola prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ao imaginar que projetos de lei possam substituir os profissionais da escola, instâncias como o conselho da escola e a própria Constituição na definição de conteúdos a serem ministrados e posturas a serem adotadas pelos professores;
- o tolhimento à atividade docente, cuja principal característica é a liberdade de cátedra exercida a partir da área de conhecimento do professor e do compromisso com os valores que regem as instituições públicas de ensino.
Programação
27 setembro, terça-feira | |
14h30 | Abertura Flavia Schilling (IEA e FE-USP) |
15h |
Mesa 1 — As Políticas Públicas em Educação da Última Década e o Compromisso com a Igualdade
Expositores: Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva (ex-secretária de Educação Básica do MEC) e José Sergio Fonseca de Carvalho (IEA e FE-USP) |
18h | Intervalo |
19h |
Mesa 2 — Enrendando Temas: O Ensino de Histórias e Culturas Indígenas nas Escolas
Expositoas: Fernanda Sposito (Unifesp), Vanessa Caldeira (Cedefes, Comissão Pró Índio e SME-SP) e Luciana Bilhó Gatamorta (Emei Carolina Maria de Jesus) Coordenador: André Roberto de Arruda Machado (Unifesp)
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Dia 28 de setembro, quarta-feira | |
15h |
Mesa 3 — Diversidade, Gênero e Cotidiano da Escola
Expositores: Marília Carvalho (FE-USP),
Maria Cecília Carlini Macedo (Grupo de Diversidade e Gênero da PMSP 2000-2004) e
Mayla Rosa Rodrigues (Emef Frei Francisco de Mont' Alverne)
Coordenadora: Cláudia Moraes (Unifesp)
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18h | Intervalo |
19h | Mesa 4 — Cultura Afro-Brasileira e a Formação Escolar Expositores: Maria Cecília Cortez (FE-USP), Macaé Evaristo (Secretária de Educação de Belo Horizonte) e Cleber Ferreira dos Santos (Rede Estadual e Municipal de São Paulo) Coordenação: Diana Mendes Machado da Silva (FFLCH-USP) |
Dia 29 de setembro, quinta-feira | |
19h | Mesa de Encerramento — Autonomia, Currículo e Ensino de História Expositores: José Sérgio Fonseca de Carvalho (IEA FE-USP) e
Coordenador: Antônio Simplício Neto (Unifesp e Anpuh-SP)Zilda Iokoi (FFLCH-USP)
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Escola sem Partido ou sem Autonomia? O Princípio da Igualdade em Questão
27 a 29 de setembro, em diferentes horários, conforme programação
Antiga Sala do Conselho Universitário, rua da Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária, São Paulo
INSCRIÇÕES ENCERRADAS — Transmissão ao vivo pela internet
Informações: Sandra Sedini (sedini@usp.br), telefone (11) 3091-1678
Foto: Igor Mascarenhas