IEA cria grupo de trabalho para discutir a crise hídrica em São Paulo
Primeira reunião do grupo de trabalho do IEA sobre a crise hídrica |
Com o objetivo de contribuir para os debates sobre a crise hídrica que acomete o Sudeste do Brasil e se manifesta de forma mais grave no Estado de São Paulo, onde o abastecimento de água está em risco, o IEA criou um grupo de trabalho para refletir criticamente sobre as causas do problema e propor soluções. O Instituto já vinha se dedicando à questão, seja através da realização de eventos, como o Verão 2013/14 e Cenários de Estresse Hídrico, realizado em março de 2014, seja produzindo e compilando material sobre o tema, caso do Especial Água, publicado em fevereiro deste ano.
Formado por pesquisadores do IEA e por professores da USP especializados na área de recursos hídricos, o grupo se reuniu pela primeira vez no dia 19 de fevereiro. Participaram do encontro Martin Grossmann, diretor do IEA; Renato Luiz Anelli e Hamilton Varela, respectivamente coordenador e vice-coordenador do Polo São Carlos do IEA; José Carvalheiro, coordenador do Observatório de Inovação e Competitividade; Jean Paul Metzer, coordenador do Grupo de Pesquisa Serviços dos Ecossistemas; José Pedro Costa, vice-coordenador do Grupo de Pesquisa Amazônia em Transformação: Histórias e Perspectivas; Marcio Automare, membro do Grupo de Pesquisa Filosofia, História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia; Pedro Jacobi e Wagner Ribeiro, respectivamente coordenador e membro do Grupo Meio Ambiente e Sociedade; e Marcos Buckeridge, professor do Instituto de Biociências da (IB) USP. Ribeiro e Bukeridge dividem a coordenação do grupo.
O encontro resultou na definição de eixos de análise e discussão prioritários, que funcionarão como diretrizes na elaboração de um plano de ações voltado para mitigar as consequências da estiagem prolongada e para evitar que cenários de escassez de água se repitam no futuro:
- Adoção de uma lógica preventiva ao invés de curativa na gestão dos recursos hídricos;
- Desafios da multi e transdisciplinaridade na análise dos principais problemas;
- A viabilidade ou não do modelo privado de gestão da água em São Paulo;
- Moradias e conservação ambiental em áreas de mananciais;
- Reflorestamento e plantio de árvores;
- A realidade global na área da Saúde Pública;
- Legislação e o novo Código Florestal;
- Esclarecimento da população (comunicação científica);
- Direitos humanos;
- Mudanças climáticas;
- Aspectos econômicos;
- Abordagem relacionada a Sistemas Complexos.
DESDOBRAMENTOS
VÍDEO |
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Confira íntegra da reunião |
Os participantes da reunião formularam, ainda, uma agenda de atividades para os próximos meses, entre as quais se destacam a publicação de um dossiê sobre a crise da água na revista Estudos Avançados e a elaboração de um white paper — documento a ser produzido com base nas conclusões obtidas pelo grupo, apontando estratégias, propostas e linhas de ação que possam fundamentar o processo de tomada de decisões e o desenvolvimento de políticas públicas por parte das autoridades.
A continuidade dos trabalhos do grupo inclui, também, a realização de eventos fechados, abertos e paralelos sobre o tema, como o seminário Mudanças Ambientais Globais, Planejamento Energético e Políticas Públicas, que acontece do dia 23 a 27 de março no IEA, e a conferência Adaptação às Mudanças Climáticas em Cidades: Ações Contra a Seca na Austrália, que acontece no dia 4 de abril, também no IEA; além de ideias incipientes, como a montagem de uma exposição em parceria com o Museu Catavento; o estabelecimento de parcerias com instituições e entidades relacionadas com o tema; e a constituição de três Grupos de Trabalho: Ciência da Água; Impactos; e Soluções Possíveis.
ALIANÇA ACADÊMICA
A criação do grupo de trabalho do IEA soma esforços com outras iniciativas acadêmicas voltadas para a discussão e contenção da crise hídrica. Em fevereiro, foi criado o fórum de reitores das universidades públicas paulistas, que visa a tratar de questões estratégicas para a universidade e para a sociedade como um todo, a começar pela articulação e mobilização dos pesquisadores das instituições em torno do problema da escassez de água. E em dezembro 2014, foi publicada a "Carta de São Paulo" — documento elaborado sob os auspícios da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, o qual reúne análises sobre a seca e propostas para enfrentar os desafios que vêm pela frente.
Foto: Sandra Codo/IEA-USP